Um santo português na engrenagem

da máquina de fazer santos

Por Onofre Varela

No dia 14 de Abril de 2018 o Papa Francisco aprovou a publicação de um decreto que reconhece as "virtudes heroicas" do cónego português Manuel Nunes Formigão, após uma audiência concedida ao cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos (cargo que já foi ocupado pelo bispo português José Saraiva Martins, nascido em Gagos de Jarmelo, na Guarda, em 6 de Janeiro de 1932, e hoje prefeito emérito contando 91 anos de idade). 

Foi o primeiro passo para a beatificação do cónego português que é considerado um personagem fundamental na investigação, no estudo e no reconhecimento das aparições de Fátima às três crianças pastoras em 1917. 

Depois da beatificação, exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do, desde então, venerável Manuel Nunes Formigão… já que sem milagre reconhecido não se trepa a um altar.

Nunes Formigão está intimamente ligado à história das aparições em Fátima. De acordo com informações divulgadas pela postulação do processo da Causa de Canonização, o padre Formigão foi convidado para investigar o caso das aparições de Fátima pelo Arcebispo de Mitilene (título eclesiástico que desde o século XIX é concedido ao bispo-auxiliar que desempenha as funções de vigário-geral do Patriarcado de Lisboa. O título corresponde à antiga arquidiocese católica romana de Mitilene, actualmente integrada na Igreja Ortodoxa Grega). 

Nunes Formigão deslocou-se, pela primeira vez, à Cova da Iria a 13 de Setembro de 1917, como simples curioso e "profundamente céptico relativamente aos factos que se dizia estarem ali a acontecer". Na história de vida do cónego Nunes Formigão consta que, na altura dos acontecimentos, não se terá aproximado do local das aparições e saiu de Fátima ainda "mais céptico, pois não presenciou nada de invulgar, apenas notando a diminuição da luz solar por altura das supostas aparições, mas foi facto a que não deu qualquer importância". Contudo, passados alguns dias, voltou à Cova da Iria para interrogar Lúcia, Francisco e Jacinta, os três videntes. 

Nascido em Tomar, em 1883, Manuel Formigão faleceu a 30 de Janeiro de 1958 em Fátima, e ficou conhecido como o "apóstolo de Fátima" devido ao trabalho de investigação e divulgação que durante toda a sua vida dedicou à Cova de Iria, com bastante incidência após o interrogatório das três crianças pastoras, o qual tem aspectos curiosos. 

Trato-os num livro que ainda não passa de “projecto literárioe está nas mãos do editor à espera da sempre dramática resposta: “ou sim, ou sopas”!… Darei conta da sua publicação logo que tal venha a acontecer… se vier!…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

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