Malditos bandos, malditas guerras!…
Assisto perplexo e desolado à desumanização dos adversários de modo a justificar todos os crimes e desumanidades de um dos bandos para com o outro.
Há belicistas de sofá capazes de se babarem de gozo perante
o sofrimento de palestinos, israelitas, ucranianos ou russos, conforme os
bandos, e de exonerarem a piedade.
Como não correm o risco de serem mobilizados para os
combates e não têm amigos nas zonas de guerra não admitirem o cessar fogo nem a
paz até à destruição dos adversários previamente demonizados.
Ao maniqueísmo juntam-se difusos conceitos de democracia,
história e regimes onde as consciências formatadas por algoritmos e propaganda escolhem
os alvos. E assistem aos massacres de crianças, à diabolização de povos e a
genocídios com o entusiasmo que os dementes de Alá e os de Jeová põem na
vingança e no martírio.
No caso da Palestina, agora que as claques da Rússia e da
Ucrânia se transferiram para a Faixa de Gaza, é desolador ver a insensibilidade
e o ódio com que se aceita a vingança genocida de Israel ou se justifica o ato terrorista
do Hamas que lhe deu origem.
Dos dois lados reina a fé e a intolerância. De um lado está um
grupo terrorista que não permite a existência de Israel e do outro um fascista
circuncidado que em nome de uma escritura de Jeová registada numa qualquer
conservatória do registo predial celeste quer a terra alheia para o seu bando.
De um lado está uma teocracia islâmica que encontra em Alá a
inspiração para destruir Israel, do outro a teocracia sionista que inspira a
destruição da Palestina. Um bando tem apoio de árabes, turcos, persas, indianos
e outros, que rezam virados para Meca; o outro tem os que rezam virados para Washington.
Venha o Diabo e escolha.
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