O PR, o Ministério Público (MP) e o País

Desta vez não foi só Marcelo o responsável político pela instabilidade que o País vive e viverá até março do próximo ano e da qual não se libertará depois. Só a aproveitou.

Não arranjando o PR condições para dissolver a AR ofereceu-lhas o Ministério Público.

Marcelo há de ter ruminado em silêncio a vingança contra um governo PS com apoio do BE e PCP e, mais subtil do que Cavaco, nunca manifestou o desejo. Só o surpreendeu a maioria absoluta que lhe retirou margem de manobra nas últimas eleições legislativas.

Perante a atitude canhestra do Ministério Público, há muito à solta, aproveitou bem a oportunidade para fazer o que sempre quis e já tentara quando dissolveu a AR, sem permitir a negociação de um novo Orçamento antes de novas eleições.

Como a memória é curta, impediu agora o governo de Mário Centeno, o homem que ele ameaçou na sequência das investigações do inefável MP para averiguar se o pedido de dois lugares no camarote da presidência do clube para um jogo de futebol teria incluídas contrapartidas fiscais. Prefere o futuro governo PSD/Chega/IL.

Marcelo fez o que sempre pretendeu. Não atuou como Jorge Sampaio na saída de Durão Barroso, que permitiu ao PSD indicar Santana Lopes para novo PM. Só dissolveu a AR depois do caos no Governo de Santana, muito receoso da maior instabilidade posterior.

Desta vez não temos um estadista, temos um narcisista indiferente ao crescimento do partido fascista com o qual deseja a coligação que afaste qualquer esquerda, mesmo esta moderadíssima de António Costa, da esfera do poder.

Já pode reescrever a história do 25 de Abril sozinho no cinquentenário e assegurar a instabilidade que lhe permita estar diariamente nas televisões até ao fim do mandato.

O País esquecerá a alegada cunha para tratar criança brasileiras no Hospital de Santa Maria e a insensibilidade com que o desalmado justificou o genocídio de Israel na Palestina perante o embaixador do seu povo. Marcelo é o único responsável por um governo de gestão e pela instabilidade que põe em causa os vultuosos investimentos que António Costa atraiu e em que o desvario do MP o considerou eventualmente suspeito.

Hei de voltar ao parágrafo com que o MP desferiu o golpe de Estado contra o PM.

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