4 de julho – Feriado municipal de Coimbra e a Rainha Santa Isabel

 4 de julho – Feriado municipal de Coimbra e a Rainha Santa Isabel

Coimbra é uma cidade onde a santidade anda arredada do quotidiano, mas está presente nas comemorações e na toponímia. O dia de hoje é feriado e, este ano, há a procissão e a exibição da mão que lhe guardaram no relicário. 

O falecimento da Rainha Isabel de Aragão, cuja santidade se deve ao milagre das rosas, ocorreu em 4 de julho de 1336 e serve de pretexto ao feriado e festas em sua honra. Sem retirar o mérito ao milagre que a elevou aos altares em 1625, é justo dizer que o mesmo fora estreado antes do seu nascimento por uma tia-avó húngara, também nobre e santa, Isabel da Hungria e da Turíngia, canonizada em 27 de maio de 1235 por Gregório IX.

Isabel de Aragão, canonizada em 1625 não teve o seu nascimento pressagiado por um trovador medieval, nem logrou tão vasto currículo milagreiro: levitação a mais de um metro do chão, ao contemplar o Santíssimo Sacramento, absorta em êxtase; S. João Batista levava-lhe pessoalmente a comunhão e recebeu numerosas visitas do próprio Cristo e da Virgem Maria, que a consolavam dos padecimentos em vez de a aliviarem. Dias antes da morte, Nossa Senhora surgiu-lhe cercada de anjos e prometeu-lhe o Céu.

Isabel de Aragão nem pelas infidelidades de D. Dinis foi confortada pelo Divino, mas o único milagre que se lhe conhece mereceu especial veneração do ex-edil de Coimbra e ex-ajudante do ministro Dias Loureiro, Carlos Encarnação.

Encarnação, talvez ansioso de garantir uma assoalhada no Paraíso por intermédio da Rainha Santa Isabel, retirou o nome ‘Europa’ à mais bela ponte sobre o Mondego e erradicou-o das placas toponímicas e dedicou-lhas. 

Na beata devoção ofendeu a encantadora filha de Agenor, rei da Fenícia, que Zeus, pai dos deuses, raptou disfarçado de touro para amá-la em Creta. Preteriu a amada de Zeus, perante o qual todos os deuses permaneciam de pé, pela S.ta Isabel autóctone. 

Heródoto foi o primeiro historiador a chamar Europa a todo o continente, no séc. V a.C., e o ex-edil de Coimbra foi o algoz da musa dos poetas da Grécia Antiga, substituindo-a pela rainha que reincidiu no milagre das rosas.

A Europa ficou na História da mitologia pela paixão de Zeus e a Rainha Santa na placa da Ponte Europa por desvario de um autarca que usou o cargo para cuidar da alma.

A provinciana decisão alterou as tabuletas que indicavam a Ponte Europa e a santa é o pretexto, como já era, para o feriado municipal e festividades pias.

Coimbra prefere o 4 de julho de 1336, falecimento da santa que plagiou um milagre, ao 8 de maio de 1834, o dia da vitória das tropas liberais sobre o miguelismo caceteiro.


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