A renazificação europeia em curso
Não é preciso conhecimento profundo da década de trinta do século passado para ver as semelhanças com os nacionalismos que irrompem na Europa. Repetem-se os sinais que precederam a ascensão do nazi-fascismo e a eclosão da 2.ª Grande Guerra.
O racismo, a xenofobia, o anticomunismo e a alegada
identidade nacional, alimentados a partir de mitos identitários e potenciados por
estagnação económica, foram o álibi para perseguições às vítimas mais à mão, os
estrangeiros, os ciganos e os judeus. Hoje são os magrebinos, os indostânicos,
os pretos e os islâmicos de qualquer etnia.
Ontem, ao ver imagens da caça a imigrantes por bandos de
extrema-direita nas ruas de Torre Pacheco, uma cidade na região de Múrcia, aqui
ao lado, em Espanha, lembrei-me da noite de cristal, 9 e10 de novembro
de 1938, em que o regime nazi coordenou a onda de violência antissemita que
percorreu a Alemanha. Foi um primeiro ensaio.
Hoje não se consegue perceber esta histeria da corrida ao
armamento sem regressar ao século passado. A Alemanha e a Itália, à semelhança
do Japão, armaram-se, não para se defenderem de qualquer invasão, mas para
invadirem e ocuparem os países vizinhos até à capitulação. Não devemos
estigmatizar países, mas não poemos esquecer a História.
A obsessão pela indústria da defesa do oligarca Friedrich
Merz, novo chanceler alemão, não tranquiliza. As dificuldades da indústria
automóvel alemã exigem a reconversão e é tentador juntar a Volkswagen, a Mercedes-Benz
e a BMW à Rheinmetall e à Airbus para a rentável produção de armas. É a renovação
da tradição do império Krupp no ramo.
Macron, podia lembrar-se dos soldados alemães a desfilar sob
o Arco do Triunfo, mas decide, por intermédio do seu PM, juntar-se à febre
armamentista, tentando congelar as pensões e os salários da função pública sem atualizar
a inflação, uma receita copiada de Passos Coelho. Até na eliminação de dois
feriados a França não é original. Foi feito por Passos, com a bênção de Cavaco,
e apoiada na AR pelo líder parlamentar Montenegro.
Certamente os franceses não permitirão o despautério. E não
tenho a mesma esperança nos portugueses onde os desvarios do PR, em sucessivas
dissoluções da AR, transferiu o poder para o PSD e acrescentou 50 deputados ao
Chega, que tão ingrato ora se mostra.
Entretanto, a Turquia, onde se prendem os oposicionistas, nomeada
mente os autarcas da oposição, é o aliado preferencial. A ocupação de parte Norte do Chipre está esquecida e finge ignorar-se que o Irmão Muçulmano Erdogan caminha para uma ditadura islâmica.
E fala-se na defesa das democracias obedecendo a Trump e ao seu
capataz Mark Rutte, sem censurar a interferência nos Tribunais do Brasil e de
Israel ou a cumplicidade nas atrocidades de Netanyahu sobre Gaza e invasões da
Cisjordânia, Irão e Síria!

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