Estará a Europa a negligenciar os seus muçulmanos?

Um interessante debate decorreu recentemente em Londres, promovido pelo British Council.

"We hear endlessly in the media that European Muslims are failing to integrate; that they should stop wearing the burka and building mosques with minarets; that like the rest of us, they must learn to tolerate insults to their religion however painful that may be. But isn’t the boot really on the other foot? By constantly criticising their traditions and beliefs and insisting they be more like the rest of us, aren’t we breaching our own hallowed principle of live and let live? Far from Muslims failing to be good Europeans, isn’t it Europe that is acting illiberally and giving a raw deal to its Muslim citizens?"

Existe hoje em dia na Europa uma aliança bizarra entre alguns ateístas e muitos cristãos, uma islamofobia, que por um lado ostraciza os muçulmanos, e por outro procura negar o seu papel histórico e contemporâneo na matriz cultural europeia. Lembremo-nos da intenção de alguns de incluir a "herança cultural de matriz judaico-cristã" no preâmbulo do malogrado tratado constitucional da UE. Esta islamofobia procura colar todos os muçulmanos ao extremismo de alguns.

Os extremismos religiosos são sempre de censurar. No entanto, a cultura islâmica teve e tem um contributo essencial para o ADN da Europa. A Europa deve ser multicultural e inclusiva.

Tenho vários amigos muçulmanos moderados, visitei bastantes países de população muçulmana, e nunca me senti hostilizado por não ser fiel. A prática moderada do Islão é, como a de qualquer religião, perfeitamente compatível com um moderno Estado de direito democrático. E lembremo-nos que, na Europa, são mais os muçulmanos moderados que os radicais.

Comentários

Rui Cascão:

Há muçulmanos moderados e, se pudessem, muitos que deixariam de o ser.

O que está em causa não são os crentes mas o Corão que os intoxica.

O Corão limita-se a descrever os castigos que esperam o apóstata no outro mundo e os hadiths são a jurisprudência deste. Deixo aqui 1 como exemplo:

«Seja quem for que mude religião, mata-o».

Claro que a Bíblia, de que o Corão é uma cópia grosseira, não é melhor, mas o clero cristão foi combatido para termos os direitos de que gozamos.

Diga-me, Rui, onde é que o Islão aceita a igualdade de género?
O problema com muitos muçulmanos é que são eles que não querem integrar-se na sociedade europeia.
Sim, como se diz no texto em inglês, "tal como as outras pessoas, eles têm de aprender a tolerar insultos à sua religião por muito que isso lhes seja penoso". É que na Europa a liberdade de expressão prevalece sobre os sentimentos religiosos e...em Roma sê romano! Não somos nós que temos que renunciar à nossa tolerância, eles é que têm de renunciar à sua própria intolerância!
Se na Europa, maioritariamente cristã, se pode criticar livremenre o cristianismo, porque não há-de igualmente poder-se criticar livremente o islamismo?
Se não gostam não venham para cá;
o que não podem de modo nenhum é vir para cá impor-nos os hábitos deles.
Não há qualquer "aliança" anti-islâmica entre cristãos e ateus; os cristãos também não gostam que se brinque com o cristianismo; mas sujeitam-se, tal como eu me sujeito a ver publicados os disparates de, por exemplo, César das Neves, por muito penosos que eles me sejam. E se, por absurdo, quisessem proibi-lo de dizer esses disparates, eu seria o primeiro a protestar contra essa proibição.
O "multiculturalismo" é muitas vezes um eufemismo para mascarar tentativas de islamização da Europa.
Alfacinha disse…
Ora faça-nos lá o favor de enumerar os Estados de Direito Democrático onde os muçulmanos são maioria e o islão é praticado com "moderação". É que não estou a ver nenhum.
Dois alemães convertidos ao Islamismo e dois turcos foram condenados hoje por um fracassado plano de 2007 para atingir alvos dos Estados Unidos na Alemanha. Eles receberam sentenças de até 12 anos.http://www.estadao.com.br/
Rui Cascao disse…
Carlos: concordo quando diz que a Bíblia não é melhor, e que o clero cristão foi combatido para termos os direitos de que gozamos. O que aliás é o caso em alguns países maioritariamente muçulmanos, como a Turquia ou a Indonésia. Idem no que diz respeito à igualdade de género- a religião não é o único elemento cultural a influir. E não conheço qualquer religião que não seja misógena- aliás o judaísmo é ainda mais pesado neste aspecto. E, voltando aos dois países que assinalei, que considero serem bons exemplos de democracias onde existe uma maioria de população muçulmana, em ambos houve mulheres como presidentes/PM, democraticamente eleitas.

ahp: a grande maioria dos muçulmanos integra-se bem na Europa- o problema é esses sofrerem pelos excessos cometidos pela minoria que não se integra. No meu post eu não defendi que se não devesse criticar o Islão, apenas que não se ostracizassem os muçulmanos pelo mero facto de o serem. Quanto ao "se não gostam, não venham para cá", o que me diz relativamente ao facto de haver dezenas de milhões de muçulmanos que são Europeus de origem, cujas famílias já estavam radicados na Europa desde a Idade Média? Os 14 milhões na Rumélia, 1 milhão na Bulgária, 2 milhões na Bósnia, 3 milhões na Albânia, 2 milhões no Kosovo, 600 000 na Macedónia, 1 milhão na Roménia e na Moldávia, 300 000 na Grecia, etc. etc.? Devem esses emigrar para a Ásia?

Alfacinha: como referi acima, a Turquia e a Indonésia são bons exemplos, mas há outros, como a Albânia ou a Bósnia. Vá até Istambul, dê uma volta pela cidade, ande de metro, e depois diga-me quantas mulheres é que viu com a cabeça coberta.
A Turquia não sei se será um bom exemplo.

A laicidade tem sido assegurada pelos juízes e militares, o que perturba a democracia.

A notícia dos 3 juízes assassinados por terem assinado o acórdão que reiterava a proibição do véu na Universidade mereceu do actual 1.º ministro este comentário:

Compreendo a revolta de quem é crente.
(cito de cor)
Rui Cascao disse…
O actual PM da Turquia sabe-se que não é grande amigo da laicidade, mas apesar de tudo não consegue desblindar a separação entre estado e igreja. De qualquer forma, é um país em que o Islão é praticado de forma moderada, e um bom exemplo com provas dadas (é uma das repúblicas laicas mais antigas da Europa, e a única que o foi ininterruptamente) de que é possível compatibilizar laicidade e Islão.
José Estorninho disse…
Quando um país tem como garante da laicidade do estado a tropa e o poder do fundamentalismo está a aumentar a olhos vistos, não me parece que deva ser apontado como um bom exemplo. Quanto aos países dos Balcãs de maioria muçulmana que menciona, estamos cá para ver qual vai ser a evolução.

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