O PR e o fim anunciado do 5 de outubro

 Se não fosse o 5 de outubro, data fundadora do regime republicano, que permitiu ao mísero professor Cavaco – como ele considera um professor universitário –, chegar a primeiro-ministro e a presidente, ainda hoje seríamos vassalos em vez de cidadãos.

Surpreende, pois, que quem deve o alto lugar que ocupa à data cuja memória devia honrar, permaneça em silêncio perante a ameaça de extinção do feriado que nem Salazar ousou abolir.

Este presidente é-o de cada vez menos portugueses e goza da consideração mínima que a Constituição da República Portuguesa impõe, sem cairmos sob a alçada do Código Penal, mas isso não invalida que a sua atitude transforme o título honroso de Presidente da República em mera função burocrática cujo salário troca por pensões que lhe dilatam a remuneração mas diminuem a dignidade.

Paira a ameaça de serem suprimidos dois feriados nacionais, dos quatro que o Governo pretende abolir, enquanto outros dois, o Corpo de Deus e a Assunção, duas efemérides cujo entendimento do que sejam é reservado à crença particular que uma Concordata privilegiou no seu artigo 30.º, obrigando o Estado português, que é laico, à infâmia de submeter-se ao Vaticano, o único Estado que não sequer maternidade tem.

Esperemos que a desonra de quem decidiu abolir o 5 de outubro e ultrajar a República, por ignorância da história pátria ou por represália reacionária, seja vingada nas urnas e contestada com indignação por quem se revê no regime em que vivemos e se revolta com os protagonistas que o representam, ferindo a herança centenária que, com o 24 de Agosto de 1820 e o 25 de Abril de 1974 são as datas em que a liberdade triunfou.

Viva a república.

Ponte Europa / Sorumbático 

Comentários

Julio disse…
Pergunta: Porque é que o Cavaco ganhou segundo mandato, se é um mau Presidente?

[Não gosto do homem, saliento.]
Maquiavel disse…
Porque mais de 50% dos eleitores portugueses säo umas tremendas bestas.

Ainda se näo se soubesse do caso BPN/Qta. da Coelha/etc., mas assim...

Ainda se ele näo tivesse sido um PM ditatorial...
Julio disse…
Pronto, então é fácil enganar o dito eleitorado.
Imaginei que tivesse sido porque a maioria dos eleitores inteligentes não votaram!
Agora queixemo-nos.
Eu não votei, porque vivo longe the Portugal.

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