Notas Soltas: junho de 2012


Desemprego – Enquanto a chaga social alastra e a consternação e a fome atingem numerosas famílias, não se vislumbra a luz que é costume anunciar-se ao fundo do túnel. É a tragédia que se consuma.

SLN/BPN – Após as perguntas feitas a Vítor Constâncio, na AR, fiquei convicto de que era ele que devia estar preso e que é injusto inquietarem pessoas de bem como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, Arlindo de Carvalho e outros benfeitores.

PR – Perante o escândalo que abala os serviços secretos da República, não se compreende o silêncio do mais alto magistrado sobre escutas ao serviço de empresas privadas. Parece dar maior importância a escutas forjadas do que às verdadeiras.

António Borges – O homem que Cavaco preferia a Durão Barroso para primeiro-ministro é hábil a defender os seus interesses mas de ética duvidosa. Como pode ser, em simultâneo, «ministro» para as privatizações e administrador da Jerónimo Martins?

10 de Junho – Quando parecia inevitável a liturgia salazarenta, branqueadora da guerra colonial e do fascismo, surgiu um discurso humanista e estimulante, um grito de esperança no futuro, graças ao Prof. Sampaio da Nóvoa.

França – As eleições legislativas foram o castigo merecido a uma direita que, sendo responsável pela tragédia neoliberal, conseguiu endossar à esquerda a culpa do descalabro a que a sua prática nos conduziu.

Espanha – As dificuldades financeiras dos bancos são a ponta do iceberg que pode traçar à União Europeia o destino do Titanic. Só a integração económica, política e social pode salvar do naufrágio a União Europeia, dilacerada por egoísmos nacionais.

Hungria – O Governo de Viktor Orbán, de extrema-direita, reabilita o regime nazi de Miklós Horthy (1920/1944), diretamente responsável pelo extermínio de 450.000 judeus. Enquanto a crise económica se agrava, regressam os fantasmas do nazismo.

Birmânia – Aung San Suu Kyi, após a vitória eleitoral, que a ditadura militar lhe negou, foi 25 anos reclusa e manteve a chama democrática. Recebeu agora o Prémio Nobel da Paz de há 21 anos. É a líder da Oposição de um país que aguarda a democracia.

Grécia – Os partidos europeístas ganharam as eleições mas, entre a tragédia da utopia e a desgraça da continuidade, apenas se perpetua a agonia da nação que os erros próprios e a ganância alheia fizeram cobaia para a destruição da União Europeia.

Duarte Lima – A confirmar-se o suborno no caso dos submarinos podemos dizer que é um vigarista da terra, mar e ar. Daquém e dalém mar.

Egito – A vitória eleitoral dos islamitas foi uma colossal derrota da democracia. A ameaça aos cristãos de que terão de converter-se ou emigrar é o triunfo da demência da fé sobre a virtude da tolerância. Não há democracias confessionais. Nem militares.

EUA – A aprovação do plano de Saúde proposto por Obama, pelo Supremo Tribunal, é uma vitória do presidente, a quatro meses das eleições presidenciais, mas é também o triunfo da solidariedade para 30 milhões de pobres, sem seguro de saúde.

Justiça – A recusa da ministra em receber os autarcas que contestam o novo mapa judiciário, independentemente de eventuais méritos do seu programa, revela o caráter autoritário e a falta de cultura democrática da titular do cargo.

Défice – O buraco cresceu para 7,9%, uma distância colossal dos 4,5% acordados com a troika. Depois do esbulho aos funcionários públicos e pensionistas, da subida do IVA e da destruição da economia, o Governo ainda admite mais medidas de austeridade.

Tribunal Constitucional – Indiferente aos atropelos à Constituição, o obscuro deputado Luís Montenegro encontrou a pior ideia e a ocasião mais infeliz, ao defender a extinção deste Tribunal. O respeito pela CRP não faz parte do seu património genético.

Fraudes no S.N.S. – A gravidade das fraudes e a eventual associação criminosa de médicos, farmacêuticos e delegados de laboratórios exigem penas exemplares, mas é suspeita a sua revelação após o anúncio de uma greve de médicos.

Agitação social – Compreende-se o desespero e a revolta de cada vez mais portugueses mas não podem aceitar-se tentativas de agressão a membros de um Governo que resultou do sufrágio livre e democrático dos portugueses.

Comentários

João Pedro disse…
Aí na hungria há uma grande confusão: nem o governo de Orban é de extrema-direita (é antes populista e caudilhista, senão o que será o Jobbik), nem Horthy era nazi, era conservador autoritário, um pouco como Salazar, e foi precisamente por não deportar judeus para a alemanha que o Reich invadiu a Hungria e forçou à sua abdicação, pondo em seu lugar Ferenc Szálasi, esse sim, fascista declarado e pró-nazi.

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