O Vaticano é um offshore da democracia e da decência
Ao melancólico estertor do papa de turno juntam-se as conspirações e lutas pelo poder num espetáculo deprimente para o Vaticano, Estado que os interesses económicos ainda perpetuam.
Segundo revelações recentes da imprensa italiana, o Banco do Vaticano – Instituto para as Obras da Religião (IOR) – parece mais uma lavandaria do que uma instituição de crédito. Terão passado por lá, para lavagem de dinheiro e fuga aos impostos, contas secretas de políticos, empresários e chefes mafiosos, quiçá, alguns com dupla qualidade.
A experiência milenar da Cúria Romana há de encontrar uma forma de limitar os danos e, sobretudo, de não perder dinheiro, assunto bem mais importante do que as bênçãos, indulgências e destino das almas. De qualquer modo, a última teocracia europeia sofre a erosão de sucessivos escândalos a que não consegue pôr cobro. A demissão abruta do presidente do IOR, Ettore Tedeschi, em 24 de maio, e os documentos descobertos pela polícia na sua casa, puseram em tal pânico as sotainas que foi tornado público que o Vaticano exige confidencialidade nos documentos que provam o mar de lama em que se converteu o negócio bancário divino.
Ainda não foi esquecida a responsabilidade do arcebispo Marcinkus nas fraudes comuns ao IOR e ao Banco Ambrosiano nem a proteção de João Paulo II que não autorizou a sua extradição para Itália, estranha conivência que diz mais sobre as virtudes papais do que a cura da doença de Parkinson a uma freira, milagre obrado em estado de defunção.
Se a este colossal escândalo público do bairro de 44 hectares, onde os escândalos são segredos de confessionário, acrescentarmos a força do Opus Dei e o namoro com a seita ultrarreacionária Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), cuja excomunhão já foi levantada, temos uma instituição pia sem ética, sem vergonha e sem respeito. A rica e poderosa congregação dos Legionários de Cristo falhou a canonização do seu fundador, depois de lhe terem escondido inumeráveis crimes de pedofilia, quando – horror dos horrores –, descobriram que tinha deixado descendência, mas é um esteio do Vaticano.
A Igreja católica está em acentuado declínio, não por ser pior do que as outras religiões, mas por ser um enclave entre democracias, onde o escrutínio da opinião pública não se detém com as ameaças das perpétuas penas do Inferno.
Assim pudesse ser escrutinado o fascismo islâmico onde os constrangimentos sociais, as madraças, as mesquitas e o Corão fanatizam os crentes e ameaçam a paz mundial.
Comentários