A Igreja católica francesa entra no combate político
Nem o facto de ser uma promessa eleitoral do novo
presidente, amplamente sufragado pelo eleitorado, demove a Igreja católica do
combate contra a legalização do casamento entre indivíduos do mesmo sexo e o
direito à adoção de crianças.
Da agenda da Igreja faz igualmente parte a luta contra o
debate sobre a eutanásia, já anunciado pelo presidente François Hollande, mas
sem qualquer intenção afirmada pelo Governo.
Num país onde a laicidade é uma realidade indiscutível desde
1905, o que tem evitado à França guerras religiosas, vêm agora os bispos entrar
no campo da política e das leis da família com o proselitismo de que estavam
arredados há mais de um século. A ameaça de uma missa nacional foi a primeira atitude
do presidente da Conferência Episcopal, o
cardeal André Vingt-Trois, que a marcou para 15 de agosto próximo, dia
da Assunção da Virgem ao céu, evento de que se desconhece o meio de transporte,
a data, o itinerário e os locais de partida e de chegada.
Espera-se que a
guerra declarada não ultrapasse as orações e as homilias e que a liturgia não inclua
fogueiras nem a crueldade com que a Igreja católica combateu os albigenses. A
França, graças à laicidade, conseguiu terminar com os banhos de sangue provocados
pelas guerras religiosas.
Manifestar a sua
posição perante os paroquianos amigos da hóstia e da missa é o direito que a
França assegura a todos os cidadãos mas incitar o povo contra o cumprimento de promessas
eleitorais, num Estado que «não reconhece, não remunera nem
subvenciona nenhum culto», é um provocação que remete para a intolerância
islâmica que intoxica os crentes nas madraças e mesquitas que a França tem
sabido conter.
A França não exige à
exótica monarquia vaticana que se reja por regras democráticas mas não consentirá
à única teocracia europeia que interfira na política da República.
Comentários
Já há uma vantagem do seu comportamento. Os bispos dividem-se.