PEV, PAN e ecologia – Desafio à reflexão e discussão

O aquecimento global, a escassez de recursos, a poluição e a necessidade de alternativas aos combustíveis fósseis são uma evidência num Planeta que é o único habitat possível. São problemas a exigirem solução, antes de nos precipitarem no abismo, a curto prazo.

A perspetiva da falta de oxigénio, ozono, alimentos e água potável é a preocupação para a qual faltam soluções, a emergência que carece do empenhamento de todos, o perigo de que, cada vez mais, maior número de pessoas toma consciência.

Não admira que os problemas ecológicos sejam tão facilmente intuídos e preocupem as camadas etárias que sentem ameaçada a sobrevivência. A política, ajudada pela ciência, serve para procurar soluções e propor modelos, obtendo a ecologia centralidade, quando a biodiversidade diminui de forma dramática e ameaça a espécie humana.

Em Portugal, a coligação PCP/PEV, sem ganhos eleitorais, tem adiado o advento de um movimento ecologista alargado, que a órbita do PCP reduz, e vai acabar parasitado por partidos oportunistas.

As próprias associações ecologistas perderam prestígio à medida que os seus quadros se transferiram para consultores de empresas poluidoras, servindo de rampa de lançamento a empregos bem remunerados de parca independência crítica.

O PAN, partido algo nebuloso, deixou-me na caixa do correio um panfleto incoerente, contraditório e demagógico para justificar dez boas ideias. Não me pareceu um partido maduro, convincente e sério para as promover. Nos outros 16 partidos que disputaram as eleições europeias não vi um único iminentemente verde, convincente, tendo por objetivo o ambiente e a sobrevivência no Planeta como desígnio.

Penso que há espaço e é desejável um partido ecologista autónomo em relação a outros, disponível para alianças de geometria variável, sem hesitações na defesa do ambiente e disposto a enfrentar indústrias poluidoras e práticas lesivas dos cidadãos, talvez mesmo, em alternativa, um movimento ecologista pluripartidário que pudesse fazer a síntese das preocupações ecológicas de outros partidos, que a opinião pública penalizaria de acordo com os seus desvios à defesa do ambiente.

Um partido ou movimento transnacional ecologista, para todo o espaço da UE, seria o único capaz de influenciar negociações dos caudais dos rios internacionais, tratamento dos resíduos industriais, transportes, centrais nucleares, ameaças belicistas e chantagem de países e blocos políticos e económicos.

A prorrogação do prazo de funcionamento da central nuclear de Almaraz, a poluição do rio em Vila Velha de Ródão e os transvases espanhóis são ameaças de morte ao rio Tejo que deixam o sabor amargo da falta de mobilização popular pelos partidos políticos para numerosos outros casos.

E não é um rio que está em causa, é todo o Planeta.