Portugal e as eleições europeias

Paulo Rangel e Nuno Melo, émulos da calamitosa parelha Passos Coelho/Paulo Portas, passaram a campanha eleitoral substituindo o debate pelo combate e a agressão. Não falaram da UE, combateram António Costa com Sócrates e os incêndios, Sócrates e a estrada de Borba, Sócrates e o apoio do BE e PCP. Acusaram o BE com Robles e o PCP com Bernardino, onde o primeiro não cometeu qualquer crime e o segundo foi alvo de uma calúnia. Com a crise do capitalismo, as fraudes dos bancos BPN, BES, Banif, BCP e CGD foram atribuídas ao PS como se a tralha cavaquista estivesse arredada da gestão.

A desfaçatez dos líderes do PSD e CDS chegou ao ponto de achincalharem o candidato do PS, Pedro Marques, um competente e discreto quadro, pela sua fisionomia e como se a sua qualidade fosse inferior à dos arruaceiros da Direita. Quanto a António Costa, o crime é a ‘aliança’ com ‘extremistas’ do BE e do PCP, quando Nuno Melo, o desparamentado avatar do Cónego Melo, considerava o VOX da mais genuína direita democrática espanhola.

Até trouxeram à campanha os que o medo da Justiça escondeu, o gangue autárquico do PSD, já tranquilo quanto à esquecida averiguação do MP às denúncias da Visão. Vieram Luís Filipe Meneses e Marco António, imunes e impunes, e um dos ativos mais tóxicos, Passos Coelho, oficiou na liturgia suicida do PSD. Só dispensaram Cavaco para a unção do ex-PàF, que afastaria ainda mais eleitores e votos. Até Paulo Portas emergiu, numa pausa dos negócios, sem submarinos nem carro da Moderna.
Não sendo Rangel e Nuno Melo meninos de coro, resta pensar que são o refugo do PSD e do CDS e foram os grandes responsáveis da derrota da Direita.

Os eleitores que resistiram à campanha trauliteira e pouco motivadora dos partidos e que, apesar deles, cumpriram o seu dever, mostraram que não querem esta direita, nem em Bruxelas nem em Lisboa.



A Esquerda ganhou. Santana desapareceu e a direita tem imensas feridas para lamber.

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