Um novo ‘cavalo de Tróia’…

A cartuxa de Trisulti

O arrendamento por longo período do mosteiro cisterciense (cartuxa) de Trisulti (foto), nos arredores de Roma, à organização 'Dignitatis Humanae Institute', abençoada pelo cardeal Raymond Leo Burke e politicamente controlada por Steve Bannon - um guru da campanha eleitoral que levou Donald Trump à presidência dos EUA - para funcionar como centro difusor e cúpula organizativa da doutrina de extrema-direita para a Europa, não foi objeto de debate na campanha para o Parlamento europeu, mas deveria ter sido.
 
Na realidade, não se trata de respeitar a liberdade de associação ou de expressão que pode ingenuamente ser invocada dentro de sacrossantos princípios liberais, mas de insanamente permitir a instalação e o desenvolvimento, no coração do espaço comum europeu, de um instrumento que visa a sua desintegração e destruição. E se existem múltiplas ameaças sobre a consistência e solidez do dito ‘projeto europeu’, nomeadamente ao nível social, económico e financeiro, politicamente esta será a mais devastadora ameaça, em termos de sobrevivência.
 
A criação em Bruxelas, também sob os auspícios de Steve Bannon, de um ‘clube’ (The Movement link) para confederar o nacionalismo de extrema-direita, que vagueia pela Europa, encontrou recentemente na Itália, num recôndito convento, uma base infraestrutural para tentar fazer renascer doutrinas neofascistas, com as roupagens modernistas.
 
O que se está a passar representa uma tenebrosa e intricada história com obscuros meandros, quer ao nível organizacional, quer ao nível de financiamento, (impossíveis de serem referenciados num post) que será difícil entender por que razão não é liminarmente denunciada pelas instâncias europeias e, mais, qual o motivo que tem 'travado' a investigação do seu âmbito, conexões internacionais e fontes de receitas. Até onde chegam os 'compromissos do PPE'?
 
A Europa tem razões históricas para não contemporizar com situações como esta nem menosprezar o seu significado e consequências.
No passado recente os cidadãos europeus pagaram bem caro, em termos de vidas humanas e de bens materiais, por (liberalmente) admitirem o florescimento de doutrinas fascistas e nazis no seu seio. O custo foi, nem mais nem menos, uma devastadora guerra que ceifou milhões de pessoas.
 
Algumas legislações nacionais proíbem o ressurgimento de tais organizações. Terá chegado o momento de o Parlamento Europeu legislar sobre este assunto?
Ou vamos deixar introduzir no espaço europeu um ‘novo cavalo de Tróia’?

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