O escritor e os leitores

O escritor é um lavrador que revolve a terra da escrita e semeia letras de onde germinam as palavras que transplanta para as páginas em branco do livro por fazer.

Ora semeia a eito, ora apara os ramos das árvores que nascem da fantasia do cultivador. Dá-lhes as cores e o cheiro, mistura-as a seu gosto e enche o campo de palavras, para as mondar antes de as distribuir num livro ou guardar no disco rígido do computador, se a timidez ou a insegurança o inibirem de as partilhar com os leitores.

É o jardineiro que debuxa canteiros onde cultiva as frases que se tornam plantas e darão folhas, flores, frutos e sementes nas árvores derrubadas para serem o papel de um livro.

Onde o arado arranha a morfologia da palavra ou fere na frase a sintaxe, o escritor alivia a rabiça e procura um novo rumo para a linha que deseja com a pureza de um diamante e a beleza da prosa que preenche as páginas em branco do livro que há de ser.

As palavras ganham vida se a substância das ideias as envolverem, e perdem o fulgor se não tiverem leitores que as amem.

Ninguém escreve para si próprio, as palavras perdem-se quando não encontram leitores.

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