PSD – A rudeza das palavras e os juízos de valor
Às vezes lamento ter de combater partidos onde tenho amigos cujo pensamento não é sequer antagónico do meu, especialmente o PSD.
Quem vê a democracia representativa como grande conquista civilizacional, não pode atribuir o monopólio da verdade ou a fonte de todos os males a nenhum partido, mas há razões para a acrimónia, a suspeição e o combate.
Não faço a Rui Rio a ofensa de o considerar igual a Passos Coelho ou de pensar que os militantes se reveem todos em Relvas, Cavaco e Marco António, mas quando Portugal precisa do PSD, encontra-o no lado errado, daquele que a ditadura infetou.
Na criação do SNS o PSD votou contra, com o satélite CDS, agora em vias de extinção; na primeira tentativa de descriminalizar a IVG nos casos de malformação fetal, risco de vida para a mãe e violação, com 4 honrosas exceções, votou contra; no planeamento familiar e defesa da saúde reprodutiva da mulher, apesar da coragem e do valioso contributo de Paulo Mendo e Albino Aroso, o PSD esteve quase sempre contra; na invasão do Iraque, o silêncio ou a cumplicidade foram a imagem do apoio ao crime; na censura à candidatura de ‘O Evangelho segundo Jesus Cristo’, livro de Saramago a um prémio literário, o cavaquismo foi o herdeiro dos coronéis e padres da Censura, através de Sousa Lara; no ataque às datas emblemáticas do país que somos, 1.º de Dezembro e 5 de Outubro, Passos Coelho e Cavaco, por incultura ou maldade, ou ambas, extinguiram os feriados.
Sem remorso nem vergonha, quando o PS constituiu Governo com apoio do BE, PCP e PEV, de Belém vinham urros de raiva para serem ouvidos na UE e fazerem aumentar os juros da dívida, sem falar do ora catedrático, afogueado pela fúria e a impotência. Valeu a Portugal o desprezo a que a Europa os votou, acostumada à leveza ética e fragilidade política dos protagonistas.
Neste momento a direita civilizada está com Rui Rio e a outra, a desavergonhada, está já, com armas e bagagens, no redil que aguardava.
Afinal, raramente pudemos contar com o PSD. E, no futuro? Resta saber se Rio resiste ou se os sobejos cavaquistas voltam à ribalta.
Quem vê a democracia representativa como grande conquista civilizacional, não pode atribuir o monopólio da verdade ou a fonte de todos os males a nenhum partido, mas há razões para a acrimónia, a suspeição e o combate.
Não faço a Rui Rio a ofensa de o considerar igual a Passos Coelho ou de pensar que os militantes se reveem todos em Relvas, Cavaco e Marco António, mas quando Portugal precisa do PSD, encontra-o no lado errado, daquele que a ditadura infetou.
Na criação do SNS o PSD votou contra, com o satélite CDS, agora em vias de extinção; na primeira tentativa de descriminalizar a IVG nos casos de malformação fetal, risco de vida para a mãe e violação, com 4 honrosas exceções, votou contra; no planeamento familiar e defesa da saúde reprodutiva da mulher, apesar da coragem e do valioso contributo de Paulo Mendo e Albino Aroso, o PSD esteve quase sempre contra; na invasão do Iraque, o silêncio ou a cumplicidade foram a imagem do apoio ao crime; na censura à candidatura de ‘O Evangelho segundo Jesus Cristo’, livro de Saramago a um prémio literário, o cavaquismo foi o herdeiro dos coronéis e padres da Censura, através de Sousa Lara; no ataque às datas emblemáticas do país que somos, 1.º de Dezembro e 5 de Outubro, Passos Coelho e Cavaco, por incultura ou maldade, ou ambas, extinguiram os feriados.
Sem remorso nem vergonha, quando o PS constituiu Governo com apoio do BE, PCP e PEV, de Belém vinham urros de raiva para serem ouvidos na UE e fazerem aumentar os juros da dívida, sem falar do ora catedrático, afogueado pela fúria e a impotência. Valeu a Portugal o desprezo a que a Europa os votou, acostumada à leveza ética e fragilidade política dos protagonistas.
Neste momento a direita civilizada está com Rui Rio e a outra, a desavergonhada, está já, com armas e bagagens, no redil que aguardava.
Afinal, raramente pudemos contar com o PSD. E, no futuro? Resta saber se Rio resiste ou se os sobejos cavaquistas voltam à ribalta.
Comentários
Mais, à medida que os populistas vão mostrando a cepa de que são feitos e vão enfiando os Países a que presidem em becos sem saída, mais difícil será, espera-se, que entre nós o eleitorado alinhe no canto da sereia.
Aqueles que agora apoiam Ventura são os mesmos que sempre pensaram como Ventura, muito embora votassem mais ao Centro, mas por falta de alternativa à Direita, por falta de um 'líder forte' que dissesse em voz alta o que eles pensam em silêncio.
São ressabiados do fim do Império, ultra-liberais que esperam ganhar dinheiro com o desmantelamento do Estado prometido por quem escreveu o programa do Chega! (Ventura parece que o desconhecia :-) ), fascistas e neo-nazis, e evangélicos que, com a habitual hipocrisia dos credos ultra-conservadores americanos, não se importam de votar em aldrabões que sacrificam no altar de Mamon desde que isso lhes garanta algum Poder...
Isso é mau porque deixa o PS como único Partido-Charneira de todo o sistema. Quando cair do Poder de podre, como sempre acontece, qual será então a alternativa? Curiosamente, entre nós, o pós-troika e a Geringonça trouxeram a crise da Direita Democrática e não do Centro-Esquerda (ou pelo menos não ainda)...
Habituei-me a ver a volubilidade do eleitorado e, estando de acordo com a sua reflexão, não estou certo de que a direita radical não possa ser hegemónica a curto prazo. Veja o caso de Espanha onde o PP e o VOX já parecem partidos irmãos.
Mas pode uma Direita radical tomar conta do PSD e chegar ao poder num processo de alternância de poder, porque os eleitores do centro se cansam do PS? Pode, só que de certo modo, isso já aconteceu em 2011 e as pessoas não guardam disso boas memórias...
Passos e Portas eram democratas e não alarves, mas que eram extremistas no plano económico, lá isso eram...