OE-2021 – As lideranças imaturas do PSD e BE

Este foi o último Orçamento de Estado aprovado ao Governo no último ano completo que cumprirá na legislatura. O Governo vai cair no primeiro OE que apresentar quando for possível a dissolução da AR. E a geometria partidária alterar-se-á substancialmente.

O Bloco de Esquerda perdeu a compostura e o tino, entrando pela porta da chantagem e saindo pela janela da vingança. Não quer ser Governo, quer a Revolução Permanente, i. e., a tagarelice permanente. Escuso de citar o autor. Prefere o palco ao poder.

Sabendo que a AR não pode ser dissolvida até 9 de setembro de 2021, esforçou-se para deixar um governo de gestão, indiferente às consequências da gestão por duodécimos e sem capacidade política. Foi o único partido de esquerda a votar contra o OE-2021.

O BE decidiu a revolução socialista com a avaliação da correlação de forças feita pelo campesinato universitário e o operariado dos doutorados.

O PSD sacrificou os interesses do País, sabendo que terá um PR de direita a facilitar-lhe a gestão dos destroços.

 [“Novo Banco? Quando o Governo quiser transferir dinheiro, terá que apresentar um Orçamento Retificativo”.] (Rui Rio)

Rio sabe que não é questão de querer, é um compromisso de Estado. Não votou contra o Orçamento do PS, votou contra os compromissos do Estado português e a confiança no sistema bancário. Viabilizará um Orçamento retificativo – disse –, após causar prejuízos insanáveis ao País, pondo o Banco Central Europeu em alvoroço e as agências de rating a salivar. A segunda edição O PEC-4 teve nele o clone de Relvas & Passos Coelho. Perdeu a bússola nos Açores e navega agora ao sabor do vento.

O debate do OE-2021 foi uma corrida entre quem conseguia aumentar mais a despesa do Estado, num país arruinado pela pandemia. Foi péssimo o exemplo partidário que acabará por se virar contra os mais reivindicativos e indiferentes às exigências de uma situação sem precedentes.

Entretanto, milhares de portugueses vão ficando sem emprego, a pandemia progride, os hospitais falham, a economia afunda-se, a despesa pública dilata, as receitas encolhem, o défice dispara e a depressão coletiva agrava-se antes das convulsões sociais.

Calar a revolta é uma forma de cumplicidade com quem, na minha opinião, contribuiu para o descalabro que se avizinha. Quando alguma esquerda prefere a pior direita, haja alguém dentro dela que a obrigue à autocrítica.

Comentários

Rosalvo Almeida disse…
é isso mesmo
análise certeira
obrigado
R
Jaime Santos disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaime Santos disse…
Por acaso, não sei se o PCP não irá de novo viabilizar o orçamento de 2022, tudo dependerá de quão mau for o seu resultado autárquico em Setembro do próximo ano. Mas note-se que contrariamente ao BE, os comunistas sabem muito bem qual a alternativa ao Governo do PS, a saber, uma caranguejola à açoriana.

Rio porventura armadilhou este OE ao votar a proposta do BE, de modo a não ter que esperar por Novembro de 2021 para tentar de novo fazer cair o Governo (o líder laranja pode não durar até lá).

Em vez de sujeitar a transferência dos fundos para o NB à auditoria do TC, simplesmente anulou-a, obrigando o Governo a apresentar um orçamento rectificativo... Ora, Rio sabe que BE e PCP, mesmo que o TC dê o aval, votarão contra esse OE e irá seguramente arranjar uma razão para votar contra também...

Note-se que tal rectificativo deverá ser apresentado lá para Abril ou Maio, quando a bazuca europeia ainda não tiver começado a dar resultados e o descontentamento for geral...

Claro, o TC pode muito simplesmente anular esta medida, o que, a ocorrer, será muito bem feito para BE e PSD...
Jaime Santos:

O governo dura obrigatoriamente até novas eleições, seja de gestão ou não.

Será uma tragédia, durante a pandemia e a presidência da UE, estar em gestão o governo.

O país pode entrar numa crise que nem PM nem PR poderão contornar. Rio não volta a votar contra os compromissos assumidos com o Novo Banco.
Jaime Santos disse…
Carlos Esperança, sei bem disso, Sócrates estava em gestão quando teve que assinar o memorando da troika...

Mas uma crise política em Abril ou Maio levaria a eleições em Junho ou Julho, antes das autárquicas. Se Rio tiver um mau resultado nas ditas, não ficará para chumbar o Orçamento...

E depois, serão as autárquicas a revelar o que Rio pensa fazer em relação ao Chega... Como lhe digo, melhor para ele se não tiver que mostrar o jogo antes das legislativas...

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