Rui Rio, o presidente da ASJP e a politização da Justiça
Os sindicatos dos magistrados, em especial o dos juízes (ASJP), corroem a democracia e, talvez, a jurisprudência. A progressiva politização, a exibição do poder e a arrogância dos seus líderes aconselha a extinção. Pura e simples.
O sindicalista Manuel Soares não seria perigoso se não presidisse
ao exótico sindicato que critica leis, censura partidos e condena a ingenuidade
dos eleitores pelas opções de voto, além de sugerir as leis que deviam ser
votadas. A página quinzenal, de que dispõe no Público, é um instrumento ilegítimo
do seu poder de coação, de que usa e abusa para interferir na esfera de competência
dos poderes legislativo e executivo. Sem pudor.
Desde as ameaças de greves à perseguição a governantes que detesta,
a ASJP consegue o que exige, às vezes sob chantagem, e perturba o funcionamento
da democracia.
Em 2012 fez queixa ao Ministério Público, na 9.ª secção do
DIAP de Lisboa, de todo o 2.º Governo de Sócrates, cerca de 80 cidadãos, entre
ministros, secretários de Estado e chefes de gabinete, para averiguação de
eventual uso indevido de cartões de crédito. Faria parte da sua agenda
política?
No fim de 6 anos de árduas e onerosas investigações caçaram
dois secretários de Estado em que o caso mais mediático foi o de José Magalhães
que se “apropriou” de 421,74 € para uso pessoal, na compra de livros. Depois do
fracasso, a ASJ exigiu a «remessa da identificação de todos os cartões de
crédito e respetivos titulares membros dos gabinetes ministeriais, desde 2007
até 2013». Essa função policial foi vingança ou ameaça?
O presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM), em
2009, considerou que «a ASJP "exponenciou" o caso da avaliação do
juiz Rui Teixeira* devido, nomeadamente, às eleições legislativas, porque
estavam à porta três eleições quase seguidas: legislativas, para a presidência
do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e para o CSM», e escreveu ainda no
Editorial do boletim informativo do CSM:
“[A ASJP] Resolveu entrar em campanha em todas elas,
sabendo-se como se sabe que tentar interferir em eleições político-partidárias
traz normalmente a prazo efeitos corrosivos que dificilmente se apagarão".
O Sr. Dr. Manuel Soares não deve ter lido.
Com vários desembargadores sob suspeita, em que parece estar
provada a venalidade na distribuição de processos, levanta as maiores suspeitas
a preterição do "Princípio do juiz natural", uma garantia fundamental
em processo penal (Art.º 32.º n.º 9 da Constituição da República). Esta situação
é de enorme gravidade e desacredita a Justiça.
Pode ficar a sensação de que os processos contra políticos são
“Rangelizados” a pedido.
É nesta fase negra que o sindicalista Manuel Soares, afirma em
entrevista ao DN que “ao fim de três anos não se conhece ainda uma única medida
proposta pelo PSD para a justiça, tirando a alteração da composição do Conselho
Superior do Ministério Público", o que levou Rui Rio a acusar o juiz
desembargador Manuel Soares de mentir. E os ataques continuaram numa linguagem
a lembrar a disputa interna da liderança no PSD.
Não podemos ter sob suspeita uma Justiça que lança suspeitas
sobre a Política e a ASJP é um instrumento que conduz ao pântano a Justiça e a
Política.
* Juiz que prendeu um deputado, que nem chegou a ser acusado,
com as câmaras de TV atrás. Apesar de ter cometidos erros graves na
investigação (in Acórdão da Relação) já é desembargador e teve os media a
segui-lo como estrela do Processo Casa Pia. Destruiu uma carreira política e
beneficiou a sua.
Apostila – Se não defendermos os adversários, neste caso,
Rui Rio, somos cúmplices do desaforo de um juiz travestido de sindicalista ou
vice-versa e da politização da Justiça.
Ponte Europa / Sorumbático
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