A morte da Rainha e Marcelo, comentador de longo curso
A morte da rainha de Inglaterra não me deixa indiferente porque sou bombardeado por todos os canais televisivos, de onde espero notícias e não massacres informativos. Aliás, a presença do PR português, que fica sempre bem nos funerais, justifica a dedicação dos media que o reverenciam. Foi pena que continuasse a aparecer tantas vezes ao dia.
Aproveitou para censurar o PR francês, cujas funções na
política externa são extensas enquanto as suas são mera exibição narcisista ou
usurpação de funções do Governo, a quem cabe a ‘exclusiva’ condução da política
externa. Querer um módico de contenção de Marcelo é condená-lo a ser o que não
é. Teve oportunidade de dizer que o rei Carlos III está muito bem preparado
para as funções, que sabemos decorativas.
Voltando à morte da Rainha, sou dos que recordam que os nossos
mais antigos aliados deram um notável impulso à República Portuguesa. O Ultimato
inglês contra o Mapa Cor-de-Rosa impediu Portugal de ligar Angola a Moçambique,
mas permitiu-nos, mais cedo, ser cidadãos e não súbditos. Também por isso estou
grato à coroa britânica, mais do que pelo tratado em que trocaram panos por
vinho do Porto.
Desejo a Carlos III um reinado tão longo como o da mãe e que
conserve para os filhos a isenção do imposto sucessório que subtrai aos súbditos
40% do valor tributável de bens herdados, a partir de 325 mil libras esterlinas,
sendo dos mais penalizadores impostos do mundo.
Gostei de saber do seu juramento, respeitarei a ordem
constitucional, como se fosse uma escolha sua.
As televisões lusas foram prolixas a explicar o demorado e extenuante
périplo fúnebre da rainha, que só a defunção lhe permitiu aguentar, e parcas a
explicar a abdicação de Eduardo VIII e a germanofilia da família real. Grande e
saudoso Winston Churchill!
Quem só vê televisão, há de pensar que no RU só existem os monárquicos,
com alma de súbditos, que antigos países do Império choraram copiosamente Sua Majestade,
que os diamantes da coroa e muitos outros bens não são reivindicados por nações
soberanas, e que o Rei que o PR português considera muito bem preparado, não
corre o risco de que se preparem, e bem, para prescindir dele.
Curiosa foi a determinação de três dias de luto pelo Governo
português, penso que ainda me encontro oficialmente de luto, apesar de julgar
que era uma praxe para os chefes de Estado mortos em funções nos países com os
quais temos relações diplomáticas o que só costuma acontecer com os Papas e reis
europeus. Enganou-me o facto de Salazar ter decretado 3 dias de luto pela morte
de Hitler, único governante em todo o mundo.
Finalmente, uma nota de apreço por dois casais de reis espanhóis
presentes no evento fúnebre. O ex-rei Juan Carlos foi obrigado a recorrer à Sr.ª
D. Sofia, com quem já não pernoitava há longos anos. Comovente!
E, como disse Salazar no regresso do paquete sequestrado por antifascistas, na ditadura, "“Temos o Santa Maria connosco! Obrigado, portugueses” ”, repito, com menos júbilo, “temos o Marcelo connosco”, sem agradecer aos portugueses que votaram nele.
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