AGIR EM NOME DE DEUS (2)

Pelo exposto no último artigo, podemos concluir que, sob o ponto de vista de Deus (a crer no padre católico norte-americano Leo J. Trese, autor do livro "La fé explicada"), ajudar o próximo sem intenção reconhecidamente divina, fazê-lo apenas pelo mais elementar sentido de fraternidade para ajudar o outro quando ele precisa... não tem ponta de interesse nem réstia de valor.
Deus alhear-se-á destas práticas solidárias se elas não forem executadas, expressamente, em nome de Deus. Aquele que tem um comportamento cívico exemplar, bem pode ir às urtigas e deitar-se a afogar, porque não passa de uma autêntica nódoa se não tiver bem gravado na sua mente que só é exemplarmente cívico se as suas cívicas atitudes forem conscientemente tomadas em nome de Deus!
“Atitudes cívicas” é o meu modo de entender “algo bem feito”; o autor não se refere à qualidade da atitude… ele apenas diz: “Fazer algo bem feito, é fazê-lo em nome de Deus”.
Esse algo por si referido não tem que coincidir com o meu conceito de “coisa bem feita”.
Então, sendo assim, podemos concluir que os activistas religiosos islâmicos, autores do desvio de dois aviões cheios de passageiros, os quais fizeram explodir contra as Torres Gémeas de Nova Iorque cheias de gente, porque o fizeram em nome de Deus, fizeram-no por uma razão infinitamente perfeita... (?!).
Fica esclarecido que quem mata em nome de Deus, convencido de que é isso que Deus quer (mesmo sabendo-se que, por ser inexistente, Deus não quer, nem pode, coisíssima nenhuma… os homens é que querem e podem, e tanto são bons como maus em nome da divindade) porque assim interpretou as suas vontades bíblicas ou corânicas, não é louco nem terrorista assassino; apenas cumpre (e bem, pelos vistos) os superiores desígnios de Deus!
Bem sei que o discurso da prática do bem em nome de Deus não passa de um modo de prender as mentes dos crentes à divindade, impedindo os desvios nos actos de fé que alimentam as Igrejas e as seitas religiosas, fidelizando o crente.
Mas este “meu saber” é baseado no meu raciocínio humanista de ateu. Os crentes empedernidos não raciocinam assim e bebem o discurso religioso como se fosse água da mais pura e cristalina, mesmo que esteja envenenada!…
Não fui além da página 16 na leitura da prosa do padre Trese (o livro tem 632 páginas) e vi, não só, justificados e abençoados todos os actos terroristas cometidos em nome de uma religião e de um deus, como ficava esboçada a ideia de que os semeadores do terror perpetrado em nome de Deus estão no caminho da beatificação!
Só um louco produz um discurso deste teor, e é demasiado comum ouvi-lo da boca de agentes religiosos que dominam o pensamento de um imenso número de crentes… e que, por isso mesmo, constitui um facto assustador!...
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)
Onofre Varela

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