12 de dezembro de 1976 – As primeiras eleições autárquicas da democracia.


Há 48 anos realizaram-se as primeiras eleições autárquicas, uma das grandes conquistas de Abril, agora a igualar em anos os que a ditadura nos oprimiu.

As comissões administrativas nascidas da vontade popular, em ambiente revolucionário, desmantelaram o aparelho político cujo ministro do Interior nomeava os governadores civis que nomeavam presidentes da Câmara que, por sua vez, nomeavam presidentes da Junta. Esqueceram-se os devotados cidadãos que as integraram, sem vencimento ou qualquer benefício, em numerosos concelhos. Foi o tempo da generosidade e de todas as utopias, terminado com as primeiras eleições livres dos órgãos autárquicos.

As eleições, previstas na Constituição da República Portuguesa, criaram os primeiros executivos municipais democráticos, após 48 anos de ditadura, pondo fim às comissões administrativas surgidas, em comícios populares, no fervor do 25 de Abril.

O poder autárquico adquiriu dinamismo com o entusiasmo semeado por essa geração de autarcas. Das aldeias às cidades foram fermento da transformação democrática do poder local que levou o saneamento, a eletrificação, a água canalizada, a pavimentação de ruas, a construção de escolas e tantas outras infraestruturas a todo o País.

Essa geração de servidores, generosamente empenhada a servir as autarquias, deu o melhor de si e merece que a seu entusiasmo e dedicação sejam exaltados e recordados.

Depois veio o pagamento de deslocações, ajudas de custo, indexação de vencimentos ao do PR, assessores, carros da função, motoristas, chefes de gabinete, secretárias, senhas de presença, despesas de representação e pagamento de funções em mesas eleitorais.

Hoje, porque a gestão não se faz com benfeitores ou amadores, cabe-nos apenas refletir sobre o número, atribuições e dimensão das autarquias e seus órgãos.

É um dever de gratidão prestar homenagem aos homens, ainda sem a participação das mulheres, e recordar os exemplos de cidadania, entusiasmo e generosidade com que serviram os municípios na ebulição da Revolução de Abril.

Comentários

egr disse…
Foi uma data marcante na minha modesta participação na vida politica : fui eleito , na lista do PS , para a Assembleia Municipal do Porto , encabeçada pelo Dr. António Macedo , que , francamente não sei se muitos , recordarão foi uma personalidade marcante na oposição ao fascismo e , bastante mais tarde Presidente Honorário do Partido Socialista ; nessa eleição o Eng. Aureliano Veloso - esse mesmo o pai do Rui Veloso e irmão do Brigadeiro Pires Veloso - foi o primeiro Presidente , democraticamente eleito , da Camara Municipal do Porto . Aqui fica o registo das minhas boas memórias , da data , e de dois homens com personalidades obviamente diferentes mas com um traço comum : eram ambos de reto caracter !
Dada a minha idade recordo-me de todos e o Dr. António Macedo já era uma figura da oposição democrática antes do 25 de Abril. Obrigado por recordar esses esquecidos democratas.

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