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Do Diário da Diana – 13 anos – escola C+S da Musgueira (3619 caracteres)

Ontem fiz o ponto da situação em Portugal. Bastou perguntar à minha mãe se estava na hora de deixar o Luís trabalhar, como diz o novo hino da AD, para lhe soltar a língua. Parece que a piquei.

Ó Diana, agora que o Luís se vê chamuscado pelos fogos que não deixaram de consumir a floresta, a fauna e a flora, até mortes, é altura de o confrontar com a inépcia, sua e dos seus ministros.

Nem quis falar-lhe da desgraça que vai pelo mundo, da Alemanha do chanceler que diz que Netanyahu faz em Gaza “o nosso trabalho sujo” até aos EUA que, tal como Israel, é um Estado pária. Só o Luís e poucos outros o consideram ainda democracia.

Dei-lhe o mote. A minha mãe não esqueceu a fraude da Tecnoforma do Passos Coelho, que gastou milhões de euros da UE a formar técnicos de aeródromos e heliportos. Diz ela que, talvez seja por não haver aeródromos e heliportos que não foram substituídos os seis helicópteros Kamov doados à Ucrânia. Que ironia, mãe!

Como estava verrinosa, acrescentou que o governo do Luís alugou aviões Canadair para combater os incêndios. Nem precisou de dizer que estavam avariados! Eu sabia.

De facto, não se compreende como foi possível que, só até ontem, já tivessem ardido 3% do território nacional sem que os incêndios e o Verão se extinguissem! Se alguns crentes rezaram para que chovesse, o êxito foi o do jejum e abstinência que este Papa implorou para acabar com as guerras na Ucrânia e na Palestina.

É verdade que a minha mãe não suporta este governo. Ela própria, que procura incutir-me espírito critico e sentido de justiça, me adverte para o azedume com que se refere à direita e a benevolência com que trata a esquerda. Mas sei que tem razão!

Diz que o Luís é simultaneamente como Trump a falar do que faz, tudo excelente, lindo e magnífico, e como a Meloni, a evitar jornalistas. Até diz, mas sei que é hipérbole, que acumula o pior dos dois, como se fosse possível.

O que é engraçado, engraçado sou eu a dizer aqui no meu Diário, é ter uma ministra dos bombeiros e polícias que, após ler, e mal, um texto sobre os fogos, quando os jornalistas faziam perguntas, dizer aos acompanhantes, vamos embora, e deixá-los sem respostas. Podia enviar o texto por email e evitar ser indelicada! Se o Luís a queria igual à anterior, nomeava uma ministra surda-muda para preencher a quota de deficientes físicos que, com ele, tende a ficar sempre vaga. Foi deprimente ver Marcelo a tentar lixiviar esta ministra, como se houvesse barrela que a salvasse.

A minha mãe só se alegrou quando ouviu uma mulher da Covilhã, que grande mulher, a dizer ao Luís, no funeral do bombeiro morto, “o senhor não é bem-vindo nesta cidade”. Não lhe perdoa a insensibilidade com que deseja gastar 5% do PIB a comprar armas, e abolir a Saúde e os apoios sociais aos mais desvalidos.

Depois de falarmos de próceres do PSD, sem falar do Nuno Melo, uma excrescência do Chega no defunto CDS, demorámo-nos no Hugo Soares, o eterno companheiro do Luís, nos negócios e na política, que achou bem que a Festa do Pontal se fizesse enquanto o País ardia. Isto é de quem prefere a propaganda partidária ao combate aos fogos!

Mas foi sobre o dissimulado Moedas que a minha mãe verteu mais fel. Não lhe basta a gestão catastrófica de Lisboa, a propaganda e o combate ao 25 de Abril. Alheia-se do lixo, dos preços que disparam com o alojamento local e da especulação imobiliária que ele e o Governo fomentaram. E protege os popós, com o trânsito cada vez mais caótico, e associa-se a um sem número de medidas gravosas do governo, de sabor neoliberal.

Moedas quer continuar a sua política no próximo mandato e, desafiando a decência e a ética, incluiu na lista Helena Ferro Gouveia. Perante a minha admiração que, confesso, ignorava o monstro que é, a minha mãe recordou-me que é aquela mulher que condenou as declarações de Guterres em relação a Israel, e as do Papa Francisco por igual motivo. E ontem mesmo, Guterres reiterou com estridência que há fome em Gaza, a fome que essa mulher nega com a veemência de mitómana compulsiva.

A minha mãe disse que um destes dias ia falar-me dos dramas de famílias despejadas ao abrigo da Lei Cristas, uma lei que reflete a insensibilidade do governo e da ministra que lhe deu o nome e a aprovou.

Ainda bem que ficámos por aí, pois já tinha demasiada matéria para o meu diário.

Musgueira, 23 de agosto de 2025 – Diana. 

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