Marcelo era feliz e não sabia
Marcelo teve um primeiro-ministro que, nas chuvas, o abrigava com o guarda-chuva e, quando o país ardia, o satisfazia com a demissão da ministra da Administração Interna.
O PM valorizava-o e deixava-o gerir a popularidade sem se
queixar da desfaçatez com que atribuía ao Governo a culpa do que corria mal e a
si próprio o mérito do que corria bem.
Depois de derrubar dois governos e de provocar sucessivas
eleições, para não deixar na oposição o PSD, teve a desdita de encontrar na
liderança o rural esperto que o despreza e se agarra ao poder com a mesma determinação
com que defendeu na AR o governo de Passos Coelho e teceu a teia de interesses que
lhe é útil na política e nos negócios.
Hoje, alquebrado e triste, vê o país desanimado e rancoroso à
espera de um milagre que o salve da gente a quem o entregou. O PSD, que ajudou
a virar à direita, desliza agora para a extrema-direita e sabe que foi sua a
culpa e que nem sequer lhe agradecem.
No pungente ocaso do seu último mandato resta-lhe continuar
a banhos enquanto o País arde e das aldeias cercadas pelo fogo se ouvem gritos aflitivos
de socorro. Já ninguém o ouve, e mingua-lhe autoridade para dizer ao PM que as
populações esperam dele uma palavra de conforto e alguma esperança.
Marcelo, agora, só sabe da tragédia que se abate sobre o
país pelas televisões e, para ter alguma informação do governo, não consegue
mais do que um secretário de Estado com quem falar.
As mulheres podem continuar a parir nas ruas, as Urgências
dos hospitais fechadas, o PM a banhos, a MAI desaparecida, os bombeiros
exaustos e o País a arder, já ninguém espera do PR o que quer que seja.
E o Luís continua a trabalhar no discurso para a Festa do
Pontal, que amanhã terá lugar na Quarteira, indiferente ao rumo do País, porque
sabe que a esquerda é impotente para o desalojar do poder e que, à custa da
Segurança Social, as esmolas aos reformados lhe garantem a popularidade e boas
condições para as eleições autárquicas.
Com a lei dos estrangeiros que o Luís e o André fizeram, e
que a AR pode impor-lhe, só falta a Marcelo que o Brasil, como represália, devolva
o Dr. Nuno, seu filho, com quem cortou relações.
É a vida!

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