O “DESMAME” E AS MISERICÓRDIAS
Por Onofre Varela
Fiquei a saber por notícia publicada no dia 7 do corrente mês de Agosto (jornal Público, pág. 12) que o presidente das Misericórdias Portuguesas “defende que o Governo tem de definir limites para as licenças de amamentação” porque, diz ele “[…] ou temos limites, ou vai continuar a acontecer o que acontece: algumas pessoas vão continuar a abusar do direito e vão continuar a prejudicar os colegas e os utentes”.
O senhor presidente não define os limites que defende, pelo que não sabemos quais sejam. Mas sabemos que vê “abusos” no gozo dessas licenças, explicando que, não estando em causa o direito… “cada dia que [uma mulher] não for trabalhar – porque abusou de um direito qualquer –, é um dia que o colega tem de ficar a trabalhar e a fazer o trabalho dela”.
Nesta sua “explicação” vejo a discordância de um “patrão” perante as leis do trabalho que protegem os “assalariados”… mas não encontro nada que me fale em Misericórdia!…
Pode ser que “Misericórdia” seja apenas um nome empresarial, uma marca, como Coca-Cola ou Mercadona, não tendo nada de comum com a dita “Santa Casa de Misericórdia” fundada pela Rainha Dona Leonor em 1498 para se dedicar a várias áreas, entre as quais se encontra a acção social numa combinação com a prática do culto católico, segundo os princípios da doutrina e moral cristãs.
Doutrina e moral que não devem contemplar abusos dos trabalhadores... e, muito menos, permitirá que os direitos entretanto conquistados lhes sejam negados exactamente pelos responsáveis de tão misericordiosa empresa.
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