Centenário do nascimento de Marcelo Caetano
A «Ordem Nova» foi a revista fundada, em 1928, por Marcelo Caetano, cujo centenário do nascimento passa hoje, enquanto alguns o celebram.
A Ordem Nova dizia-se «antimoderna, antiliberal, antidemocrática, antiburguesa e antibolchevista: contra-revolucionária, reaccionária, católica, apostólica e romana; monárquica; intolerante e intrasigente; insolidária com escritores, jornalistas e quaisquer profissionais das letras, das artes e da imprensa».
Pior, só alguns avatares que se acoitam nos partidos democráticos ou se exibem sem pudor em grupelhos de índole fascista, xenófoba e racista.
Comentários
Não estão em causa, para a análise do seu desempenho político, as suas qualidades como professor de Direito.
Todo o seu percurso político, como delfim do ditador Salazar (com alguns amuos pelo meio), colocam-no na linha da frente como doutrinador do "Estado Novo". Nomeadamente, quanto ao suporte teórico ao denominado regime corporativo.
Uma vez no poder, usou e abusou do malabarismo político para os trocadilhos semânticos, mudando o nome às coisas - deixando tudo na mesma. Por exº: a PIDE passa a chamar-se DGS, as colónias, provincias, etc.
Não teve força nem capacidade para enfrentar o problema colonial, escondendo-se medroso e temeroso na retaguarda dos ultras de gravitavam e se acoitavam à volta de Américo Tomás.
Criou e alimentou o maior embuste político dos anos 70 - a chamada "primavera marcelista" - que defraudou o País com uma falsa esperança de abertura democrática, conduzindo ao penoso prolongamento e agravamento (como andré pereira refere) da guerra nas colónias com a morte e o estropiamento de milhares de jovens portugueses e, consequentemente, ao colapso económico do País, já abalado com a crise petrolífera dos anos 70.
E por aí a diante...
O seu comportamento no dia 25 de Abril 74, deixa grandes interrogações no sentido do apuramento se tentou ou não que forças da GNR aparentemente fiéis (?) ao antigo regime cercassem e atacassem a multidão que o vaiava no Largo do Carmo o que teria provocado um tremendo e criminoso massacre popular de dimensões incalculáveis.
...
Há esquecia-me - nos tempos áureos de jovem professor - foi um grande impulsionador e chefe da Mocidade Portuguesa, ténue imitação das execráveis Juventudes Hitlerianas. Fico á espera da excomunhão do Luís Delgado...
Ao ler a imprensa de hoje fiquei com a remota sensação que regressava as esses terríveis anos do marcelismo e longuinquamente parecia-me ouvir um conhecido slogan publicitário da época:
- TIDE LAVA MAIS BRANCO!
Já agora, a União Nacional passou a chamar-se Acção Nacional Popular.
Na próxima década é promovido a democrata. Moderadamente conservador. ;-))
A esta hora está, na televisão estatal, a do serviço público, a filha a dar-lhe voz, a justificá-lo. Por que razão não aparece um cretino qualquer a explicar o que deve ser percebido, e pronto!
25 de Abril SEMPRE! Fascismo NUNCA MAIS!!!
Contra o reles branqueamento do passado saudosista, moralista e miserabilista.
Viva Portugal Livre, Democrático e Cosmopolita!!!
Cuidado: mas a tralha continua pr aí...
Terreno fértil para saudosistas e quejandos, é o que é...
Depois do "santinho de santa comba", que só queria o "bem da nação", coitadinho, e que viu caír-lhe em cima a árdua tarefa de conduzir o país, que ele até não queria, o desgraçado, que era tão modesto e frugal e devoto...
...temos agora o "moderado", outro coitadinho, que até queria abrir novos horizontes a Portugal, e tal...
Este branqueamento, esta descontextualização, além de ser uma enorme falta de respeito por aqueles que tanto sofreram, é um perigo para as novas gerações, que recebem uma imagem distorcida e amenizada do que foi o Estado Novo.
Não admira que as hostes da extrema-direita tenham cada vez mais jovens nas suas fileiras.
O que é preciso, por incrível que pareça, é desmascarar esta "história almofadada" ou "amortecida" que dá a entender que, afinal, aqueles senhores até nem eram assim tão maus...
32 anos depois.
A Democracia não é dado adquirido, constrói-se todos os dias e tem de ser acarinhada, senão definha.
Desculpem o desabafo, mas não tenho paciência para tanta filhadaputice.
Quer dizer que temos tendência para não aprender nada com a experiência dos erros, e para passar a vida a repeti-los.
Por isso é bom que nos passem à frente dos olhos certos truques de falsário e certas coisas como esta carta de princípios da Ordem Nova. Do senhor professor que até era paternalista, e falava ao povo cheio de compreensão. E era apenas mais um filho da mãe, entre os muitos iguais.
vota-se de quando em vez.....livremente??
Mas quem nos governa desde Abril???