Momento de poesia
Poema do Chão da Lapa
Habito no “ Chão da Lapa”,
Que não é casal nem vila
Nem figura em qualquer mapa.
É um quadrado de argila,
Perto da Venda do Pinheiro,
Com uma casa envergonhada,
Um poço e um galinheiro,
Uns metros de horta e mais nada.
Pinhais ao norte e ao sul,
Campo aberto a leste e oeste.
E por cima um céu azul
Quando a névoa não o reveste.
Silêncio apenas cortado
Pelo rumor dos pinhais
E pelo tom variado
Das vozes dos animais.
A estrada não tem saída,
Serve apenas quem lá mora
E quem passa de fugida
E olha a casa por fora
Não lhe apetece parar:
É uma casa alapada,
Sem nada de singular.
É uma casa e mais nada.
Por memórias de outras eras,
Quatro sobreiros vetustos.
E todas as Primaveras
Brotam ramos de arbustos,
Rompem vegetais daninhos
E crescem flores bravias
A alcatifar os caminhos
Que eu piso todos os dias.
Aqui, o tempo não conto.
O sol nasce e vai-se embora,
A lua faz contraponto,
Mas sou eu quem marca a hora.
Vivo, assim, como me apraz,
Esquecido e indiferente
Ao que ficou para trás
E ao que há-de vir à frente.
Construí o “ Chão da Lapa”
Como quem desenha e talha,
Com todo o cuidado, a capa,
Que há-de ser a sua mortalha.
E aos deuses, que mal conheço,
Pois sempre os olhei de lado,
Só esta graça lhes peço:
Morrer por cá descansado.
Habito no “ Chão da Lapa”,
Que não é casal nem vila
Nem figura em qualquer mapa.
É um quadrado de argila,
Perto da Venda do Pinheiro,
Com uma casa envergonhada,
Um poço e um galinheiro,
Uns metros de horta e mais nada.
Pinhais ao norte e ao sul,
Campo aberto a leste e oeste.
E por cima um céu azul
Quando a névoa não o reveste.
Silêncio apenas cortado
Pelo rumor dos pinhais
E pelo tom variado
Das vozes dos animais.
A estrada não tem saída,
Serve apenas quem lá mora
E quem passa de fugida
E olha a casa por fora
Não lhe apetece parar:
É uma casa alapada,
Sem nada de singular.
É uma casa e mais nada.
Por memórias de outras eras,
Quatro sobreiros vetustos.
E todas as Primaveras
Brotam ramos de arbustos,
Rompem vegetais daninhos
E crescem flores bravias
A alcatifar os caminhos
Que eu piso todos os dias.
Aqui, o tempo não conto.
O sol nasce e vai-se embora,
A lua faz contraponto,
Mas sou eu quem marca a hora.
Vivo, assim, como me apraz,
Esquecido e indiferente
Ao que ficou para trás
E ao que há-de vir à frente.
Construí o “ Chão da Lapa”
Como quem desenha e talha,
Com todo o cuidado, a capa,
Que há-de ser a sua mortalha.
E aos deuses, que mal conheço,
Pois sempre os olhei de lado,
Só esta graça lhes peço:
Morrer por cá descansado.
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Armando Moradas Ferreira
Comentários
Que tem aqui alguns deslizes, sobretudo métricos.
Mas é sempre um prazer.