Madrid - Notas de viagem

As três Graças (Rubens)

À noite a capital de Espanha rivaliza com as mais cosmopolitas cidades do mundo. As pessoas vêm para as praças e avenidas desfrutar a alegria e o bulício, indiferentes às horas tardias e ao encerramento dos transportes públicos em que só restam táxis depois da uma e meia da madrugada. Espectáculos de música, dança e teatro acompanham a oferta diversificada onde não faltam outras propostas para os mais exóticos gostos.

Museu Rainha Sofia – A primeira vez que vi o gigantesco quadro de Picasso foi no Palácio do Bom Retiro, motivo da deslocação e homenagem ao pintor que exigiu que a democracia precedesse a entrega da oferta que fez ao povo espanhol. Os desenhos, datados e assinados, mostram que o génio não dispensa o trabalho e a inspiração o suor.
Agora, conto as viagens a Madrid pelo número de vezes que revejo a Guernica como se de uma peregrinação se tratasse para homenagear o milhão de vítimas do franquismo e o maior pintor do século XX. E não faltam quadros de mulheres que choram, dramático testemunho do pintor, num post scriptum pungente registado no seu traço inconfundível.

Prado – Quem visitou o Louvre, os museus do Vaticano e a Galeria dos Ofícios não há-de sentir-se defraudado neste espaço ímpar da pintura universal. À pintura espanhola de Goya, El Greco, Rivera e Murillo junta-se a flamenga de Rubens, van Dick e Brueghel e a italiana de Fra-Angélico, Botticelli, Rafael, Tintoretto e Ticiano. Pintura francesa e alemã completam o imenso espaço museológico de que só as pernas se queixam.

Museu Thyssen – Uma exposição temporária de van Gogh é motivo acrescido para uma visita a este belo museu, mas quem conhece o Museu de Orsay fica sempre insatisfeito, no que se refere ao impressionismo, ainda que se trate de van Gogh. Fica assim mais valorizada a colecção permanente do museu.

O barão de Thyssen lembra o comendador Joe Berardo, ambos coleccionadores de arte. Mas a generosidade, o extremo bom gosto, a delicadeza e o desapego ao dinheiro são a característica dominante do benemérito aristocrata que encontrou em Espanha a derradeira paixão: uma mulher bela, inteligente e sensível. A ela e ao ministro socialista da cultura, Xavier Solana, se deve a decisão de Thyssen. A maior colecção particular de arte é hoje património espanhol.

Comentários

e-pá! disse…
CE:

É fundamental não confundir cidades com lugarejos...(sem qualquer menosprezo pelos lindissimos lugarejos que existem).
ou,
como se diz por cá:
um guarda-chuva com a feira de Espinho...

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides