Silly season

Marcelo Rebelo de Sousa deu ontem uma extensa entrevista de seis páginas ao DN, que a capa anunciou ocupando metade do espaço.

Da entrevista pode dizer-se o que padrinho dele, Marcelo Caetano, disse a Pedro Soares Martinez no ‘exame’ de doutoramento: “A sua tese tem coisas boas e originais, mas as boas não são originais e as originais não são boas».

Da leitura sofrida, por afeição aos leitores que não desistem de me ler, deixo aqui, não a sibilina propositura da pré-candidatura a PR, nem síntese óbvia da intenção, mas apenas as afirmações originais do inegável bom comunicador.

Diz Marcelo que “Passos Coelho é uma pessoa muito fria, inteligente e desapaixonada a julgar”, sem deixar perceber se abdicou da inteligência própria ou deslizou para um enigmático sarcasmo.

Não considerando original esta afirmação profunda “Vai ser preciso que o próximo Presidente seja capaz de dialogar”, não pude deixar de me maravilhar com a apoteose da imaginação e da originalidade de quem reza o terço todos os dias: “Um sítio onde é sensacional rezar o terço é a nadar no mar”.

Poupo os leitores à explicação mística para tão sensacional e útil prática pia em que só não explica como se nada com o terço numa das mãos e a outra a percorrer as contas. Mas com o treino diário é como um atleta de salto à vara, acaba por dispensar a vara!

Comentários

Manuel Galvão disse…
nada-se de costas, batendo com os pés, e com o terço sobre a barriga...

Tipo lontra!
Jaime Santos disse…
Mas Marcelo tem razão, Passos Coelho é frio e desapaixonado. Eu diria mesmo que ele deve ter aquela capacidade de ficar mais calmo em situações de stress (por contraposição aos 'vipes' de Portas, como lhe chama Marcelo). Quanto à questão da Inteligência, bom é evidente que o homem faz José Sócrates parecer um Intelectual, mas não é de erudição que Marcelo fala. Ele devia ter-lhe chamado 'Esperteza Saloia', mas não pode, claro. Todo o percurso de Passos Coelho mostra como ele é um exímio operador político, que passa pelos pingos da chuva sem se molhar, que é a razão que o torna tão temível. Quanto aos terços rezados por Marcelo, convenhamos que aquilo que ele diz sobre religião deriva da capacidade de algumas pessoas muito inteligentes em acreditarem simultaneamente em conceitos que se contradizem entre si. Como compreender de outro modo que Marcelo defenda simultaneamente a indissolubilidade do Matrimónio e a prática do Concubinato por pessoas casadas? A Hipocrisia não chega para explicar tudo...

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