A lição de ontem…

Ontem, no Parlamento, ocorreu uma lamentável, mas significativa, cena de oportunismo partidário, protagonizada pelo PSD com a rejeição da 'TSU dos patrões’.
Trata-se de um grave travestismo posicional, ao arrepio de qualquer tipo doutrinário e da coerência política que, desta vez, e por mero acaso, não trará consequências para o País. Mas a vida continua e deverão tirar-se ilações do acontecido.

O PS não pode, enquanto governo, balancear-se entre a posição conjunta de Esquerda e os oportunismos da Direita.

Ficou notório que a Direita ainda não digeriu o seu afastamento da governação. Nenhuma posição futura é previsível já que o cimento do seu comportamento parlamentar é a miragem de um regresso rápido ao poder, não hesitando até lá no dificultar da resolução dos problemas nacionais, isto é, cavalgando o ‘diabo’.

Tal comportamento introduz novas variáveis na política nacional. Acabaram-se os tempos do ziguezague tão frequentes no terreno político nacional. Poucas alternativas restam quanto a uma política governativa. O natural será um aprofundamento da conexão da Esquerda, conjugar melhor as posições e retirar espaço de manobra à Direita.

Claro que votar ao 'ostracismo' a Direita poderá ter consequências. A primeira será estimular uma deriva populista neste sector (como se verifica em alguns nações europeias) e uma outra será os danos que essa Direita pode provocar ao País através das ligações políticas e orgânicas que cultiva com o PPE.  Conhecer as capacidades de evolução e influência de uma Direita despeitada será importante para a definição das políticas futuras mas não deve tolher a convergência da Esquerda.

Todavia, a realidade e o êxito da governação socialista está intrinsecamente ligada a maior entendimento entre toda a Esquerda. É por esta razão que os consensos nacionais estão cada vez mais distantes. A Direita não está interessada no País mas sim no 'assalto' ao poder.
 
Bastaria e já seria bom que se obtivesse uma maior concertação política à Esquerda que seja capaz de (suficiente para) ultrapassar os problemas críticos (económicos e financeiros) que se avizinham. E são notórias as lentas e morosas convergências em assuntos cruciais, nomeadamente, em relação à renegociação da dívida e à revisão do Pacto de Estabilidade.

Esta a ilação necessária dos acontecimentos, de ontem, no Parlamento.

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