A amnésia do fascismo na União Europeia (UE)

Quando Jörg Haider, governador da Caríntia, foi indicado para chanceler, em 2000, a UE impôs o cancelamento da nomeação do líder do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita.

O político que elogiou a política de emprego do Terceiro Reich, nacionalista, xenófobo e homofóbico, morreria com uma taxa de alcoolemia de 1,8 gramas por litro de sangue (a conduzir a 142 km/h o carro oficial, onde o limite máximo era de 70 km), no regresso de um bar gay, deixando inconsolável o seu sucessor, como líder da Aliança para o Futuro da Áustria (BZÖ), com quem mantinha uma oculta e tórrida relação amorosa.

Dezassete anos passados, a Hungria e a Polónia têm líderes de extrema-direita e apenas têm de conformar-se com as eleições nos prazos previstos. A UE perdeu força, para se indignar e impedi-los de governar.

Em 2002, quando Jean-Marie le Pen chegou à segunda volta das eleições presidenciais, a revolta desceu às ruas, em protestos, na França e em toda a Europa, contra o perigo do “fascismo”, que menos de 20% dos eleitores sufragariam. Quinze anos depois, a filha mais do que duplica o eleitorado e até se teme que possa sair vitoriosa do confronto.
 
Em menos de duas décadas, o intolerável tornou-se banal e o escândalo respeitável. Não se repete o sobressalto cívico de há 15 anos. Sete décadas depois da derrota do nazismo, esquecido o horror, o ultraliberalismo económico conduziu os países para um beco onde a direita e a extrema-direita são escolhas únicas.

Pior do que a pobreza das opções dos franceses são as advertências que chegam. O nazi / fascismo parece ser uma questão apenas adiada na sua dramática ressurreição.

Do Reino Unido aos EUA, da Turquia à Arábia Saudita, da Síria à Líbia, um pouco de todo o mundo, são cada vez maiores as ameaças que perturbam a UE.

Ponte Europa / Sorumbático

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