Notas soltas – abril/2017
Índia – O
parlamento do estado de Gujarat, no oeste do País, aprovou um projeto de lei
que admite pena de prisão perpétua e multas até 100 mil rúpias para crimes de
massacre de vacas, animais sagrados para os hindus. E há sempre quem exija respeito
pela fé!
Venezuela – Não
há ditaduras boas e ditaduras más. Todas são péssimas. Ao pretender substituir
o Parlamento, para reforçar a ditadura militar com a cumplicidade judicial, o
Supremo Tribunal só juntou o descrédito dos juízes ao do PR Maduro.
Reino Unido – As
consequências imprevisíveis do Brexit, para o qual nem a Sr.ª May nem a UE
estavam preparadas, apressaram as retaliações à conclusão do divórcio, com o RU
a usar ameaças belicistas de ex-império em relação a Gibraltar. Péssimo sinal.
Síria – As armas
químicas voltaram quando se pensava que a crueldade tinha atingido o auge. Ao sofrimento
intolerável das pessoas juntou-se um ataque químico e a retaliação rápida de
Trump, ainda antes de verificada a autoria do crime.
BPN – Apesar da
consternação pelo arquivamento do inquérito a Oliveira Costa e Dias Loureiro, e
surpresa pelo alegado impedimento da investigação pela PJ a Dias Loureiro, o
Ministério Público não pode arquivar processos, com suspeitas. Se tem provas,
acusa; se não tem, arquiva.
ETA – O grupo
separatista basco começou por ser um grupo armado contra a ditadura e acabou em
bando terrorista. As “120 armas de fogo, três toneladas de explosivos e
milhares de munições” que entregou, sublinham a derrota merecida e tardia.
Madeira – A saída
de cena de Alberto João Jardim foi o ato de higiene para um poder esgotado. É
triste que o salazarista, a quem o País aturou o exotismo, continue a dividir
os portugueses entre colonialistas (do continente) e colonizados (da Madeira).
Mário Centeno – O
défice histórico de 1,9% mostra a enorme competência do ministro das Finanças e
o sucesso da alternativa política. Explica, aliás, a tentativa desesperada da
oposição para o levarem à demissão.
Turquia – O
partido islamita (AKP) confunde-se com o Governo e o Estado. Erdogan usa-o para
asfixiar as liberdades, perseguir opositores e abolir a laicidade, a caminho do
poder totalitário com que deseja consagrar-se como sultão otomano até 2029.
Boko Haram – Este
ramo africano do ISIS, já usou, em 2017, 27 menores em atentados suicidas.
Desde 2014, segundo a Unicef, contam-se 117 (80% meninas), na Nigéria, Chade,
Níger e Camarões. É a dilatação da fé com o Corão na mão e bombas à cinta.
Coreia do Norte –
O neto do fundador da dinastia comunista
desistiu do lançamento do último míssil, e adiou a receção do primeiro que Trump,
parecido na imprevisibilidade e no corte de cabelo, ansiava enviar-lhe. O mundo
está cada vez mais inseguro.
UE – Erdogan
consolidou o poder com o referendo, em estado de emergência. A paz na Síria
fica mais difícil, os curdos mais ameaçados e a Europa apavorada, sob chantagem,
com 4 milhões de refugiados na Turquia. Vem aí mais uma ditadura islâmica.
Brasil – Michel
Temer disse, na TV, que Dilma ainda estaria no poder se tivesse cedido às
chantagens de Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados. Reina um
silêncio total da comunicação social, e o cúmplice do golpe de Estado mantém-se
PR.
Aquecimento global
– A rápida fusão do enorme glaciar da região Yukon, no Canadá, secou o rio Slims
em 4 dias (revista Nature). Os
cientistas preveem, com o inédito facto – pirataria
fluvial repentina –, uma mudança dramática da geografia mundial.
Fátima – Os
crentes merecem respeito e a verdade ainda mais. As visões, não originais, passaram a aparições. Em 1917 eram contra a República, em 1930 contra o
comunismo e, após a implosão da URSS, contra o ateísmo. A fé e a superstição têm
pés de barro.
EUA – O lançamento
da mais poderosa bomba não nuclear, sobre o Afeganistão, foi um teste da nova
arma, sem objetivo estratégico e indiferente às convenções internacionais. A
maior potência mundial é cada vez mais perigosa e imprevisível.
França – Com a derrota
histórica dos conservadores (Fillon) e dos socialistas (Hamon), a 2.ª volta
disputa-se entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen. A única opção é o voto em
Macron contra a candidata da extrema-direita, e esperar que os partidos
recuperem.
25 de Abril –
Quem mais lhe deve é quem menos gratidão mostra, mas a data é a marca indelével
da liberdade e do fim da ditadura opressiva que, numa madrugada, os heroicos capitães
de Abril derrubaram. Viva o 25 de Abril! Sempre.
Assembleia da
República – A celebração do 25 de Abril não apagou divergências
partidárias, mas a composição dos órgãos de soberania, sobretudo a substituição
do PR, baixou a crispação e deu dignidade à cerimónia onde voltaram os rostos
da Revolução.
Geringonça – A
designação para injuriar o Governo do PS, com apoio parlamentar do BE, PCP e
PEV, transformou-se na carinhosa referência à mais estimulante e fecunda
experiência governativa desta segunda República.
Governo – A
tolerância de ponto, em 12 de maio, foi a nódoa que manchou o percurso de uma
governação honesta, numa cedência gratuita ao populismo que feriu a laicidade e
atentou contra a lei da liberdade religiosa.
Vaticano – A
viagem de alto risco do Papa Francisco ao Egito foi um ato de coragem e de
grande carga simbólica a um país onde os cristãos coptas (10%) da população
correm o risco de extermínio pelo fanatismo assassino dos Irmãos Muçulmanos.
Brexit – A primeira
ministra Theresa May parte para eleições sabendo que reforça o seu poder e o do
partido, mas sairá delas ignorando como manter unido e poderoso o país. É um momento
ímpar para destruir simultaneamente o Reino Unido e a União Europeia.
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