A direita no seu labirinto

O último congresso do PSD derrotou o projeto de Passos Coelho, que Santana Lopes se preparava para radicalizar com o apoio do grupo parlamentar. Rui Rio, sem cadastro, é encarado como a ameaça que paira sobre os autarcas do Norte que, apesar da denúncia da Visão, que se saiba, a PGR nunca mandou investigar. E não são os únicos alarmados!

Quanto a Santana Lopes, que provou não saber governar na Figueira da Foz, em Lisboa, e no País, pode saber governar-se, mas sabe dissipar melhor. É, aliás, o único populista do PSD com idade e currículo para prosseguir um projeto xenófobo, antieuropeísta e reacionário para a qual minguavam qualidades ao ora Doutor Passos Coelho.

Luís Montenegro era, até há pouco, o único candidato declarado a suceder a Rio, depois da inevitável derrota do PSD sem que a Dr.ª Cristas, incapaz de aglutinar os salazaristas, saudosistas do Império, e os ultraliberais, consiga crescer a fingir de democrata-cristã.
De pouco tem valido, a crer nas sondagens, a colossal barreira de ataques concertados aos partidos de esquerda, nos diversos órgãos de comunicação social, por jornalistas da extrema-direita, comentadores avençados e políticos reacionários ansiosos do poder.

Marques Mendes, cada vez mais um moço de recados, perdeu o fôlego e a compostura e já nem como eco de Belém serve. O próprio Marcelo, cujos banhos fluviais rivalizam com os incêndios em atenção mediática, já veio queixar-se da fraqueza do seu partido, que não consegue capitalizar a sua ajuda.

Pedro Duarte, ex-presidente da JSD e ex-diretor da campanha de Marcelo a PR, pode vir a substituir Marques Mendes como intérprete do pensamento do PR, agora que desafiou Rui Rio, sendo o primeiro que agradará a Marcelo e não parece alinhar pelo extremismo de Passos e Santana Lopes.

O PR, preocupado com a sua imagem e a do PSD, apesar de detestar Santana Lopes, foi com apreensão que soube da desfiliação que o menino guerreiro lhe anunciou, e não se conformou com a decisão que divide e debilita a sua área política. Foi com acidez que, entre dois banhos na zona dos incêndios do ano passado, que se empenha a recordar, desabafou: “Para mim o partido é uma família e não se muda uma família (…)”.

Entretanto, os ataques ao BE atingem uma ferocidade inaudita, em artigos de opinião na imprensa escrita, no espaço dos leitores e nas redes sociais, na tentativa de a direita mais à direita cobrir os seus escândalos, casos de polícia e desagregação, com o caso Robles que, sem lhe retirar a gravidade política, não mostra ser um caso de polícia.

Esta direita que berra, ulula e grunhe contra a falta de ética de um militante de esquerda, cala-se nos casos de provada corrupção (Tecnoforma ou submarinos) e nos lícitos (Barroso e Maria Luís), que escapam à alçada dos Tribunais, desde que sejam os piores dos seus a prevaricar.

Conhecemos a competência desta direita, e, quanto a ética, estamos conversados.

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