Notas Soltas – julho/2018
EUA – Trump não é
o paradigma americano, é um sintoma da acelerada decadência do último império de
um mundo cujos equilíbrios ajudou a romper e que, cada vez mais, se encaminha
para a desagregação incontrolada.
Espanha – As monarquias
são anacronismos, e preservar o ducado de Franco, herdado pela neta do
genocida, é como se a Alemanha, Itália e Portugal, mantivessem o condado de
Hitler, o principado de Mussolini e o baronato de Salazar, se acaso tolerassem
reis.
União Europeia –
Os cidadãos conhecem o art.º 50 do Tratado de Lisboa, que autoriza o abandono da
UE, e ignoram o n.º 7, que permite suspender os direitos de adesão a um Estado.
A Polónia e a Hungria desafiam-no com a sua conduta fascizante.
Alemanha – A Sr.ª
Merkel foi o farol de esperança e modelo de humanismo em relação às migrações.
Foi a estadista que se opôs à deriva xenófoba e nacionalista que percorre a
Europa e atingiu a Alemanha, mas a Itália veio reforçar o populismo, e debilitou-a.
Rui Rio – A
guerra que lhe movem no partido é própria de quem não se conforma com a derrota
que os militantes infligiram a Passos Coelho, e é o seu grupo parlamentar que
organiza a oposição ao líder, indiferente ao futuro do PSD e do País.
Nato – É cada vez
mais evidente que este instrumento de domínio dos EUA tem, com a atual
administração, o objetivo de fazer da UE um mero satélite, sem poder de decisão
e com a obrigação de financiar uma estratégia a que é alheia.
Brasil – O desrespeito
à ordem de libertação de Lula da Silva, emitida por um Tribunal Superior, revela
que o seu sistema judicial é uma farsa, onde o juiz de primeira instância pode
desobedecer e usar o cargo com objetivos partidários.
Turquia – A demissão
de 18 mil funcionários públicos, por não oferecerem confiança a Erdogan,
junta-se à longa purga a que o autocrata procedeu, com total desrespeito pelos direitos
humanos, desafiando a União Europeia e indiferente à Nato.
Reino Unido – O
Brexit é um desastre para a UE, o RU e a Sr.ª May. A leviana decisão, apoiada
num referendo de resultados dúbios, levou à instabilidade económica, política e
social, e tornou-se a arma predileta na luta sucessória dos PMs conservadores
ingleses.
Polónia – A lei
que antecipou a reforma obrigatória dos juízes, de 70 para 65 anos, com escolhas
feitas pelo PR e o MP tutelado pelo ministro da Justiça, foram o passo final no
controlo do poder judicial. Com a subordinação dos juízes é a democracia que
finda.
Juan Carlos I – A
inviolabilidade, negociada antes da resignação, evitará o julgamento ao rei de
Espanha, mas à desonra da designação por Franco, que o educou nas madraças da
Falange, juntou negócios escuros, ligações suspeitas e a ligeireza ética.
Tailândia – O
resgate de 13 jovens encurralados numa gruta, com escassas hipóteses de salvamento,
foi um ato épico escrito pela sorte e coragem coletivas, onde a abnegação, a persistência
e a eficácia tiveram a solidariedade internacional e o sacrifício de uma vida.
Donald Trump – O
PR americano é mentiroso compulsivo e perigoso. A associação da União Europeia
à Rússia e China, como inimigos dos EUA, é a rutura cultural e política no
frágil tecido da civilização e dos regimes democráticos.
Armas químicas –
A morte de dois cidadãos ingleses com o mesmo agente que vitimou o ex-espião
russo e a filha, que resistiram, e a sua existência em casa dos mortos, adensa
as dúvidas da acusação a Putin e aumenta a exigência de explicações da Sr.ª
May.
Erdogan – O PR
turco fez a reforma constitucional à medida da sua ambição, nomeou ministro o
genro, eliminou obstáculos ao poder absoluto e aproximou-se da Rússia. Eis realizado
o seu sonho de nomear ministros, generais, juízes e reitores.
Infarmed – Foi
boa a intenção da mudança do relevante Instituto para o Porto, mas um erro
grave, com efeitos nefastos para a instituição e para o País, que o Governo
tarda a aceitar. O erro desculpa-se, grave é insistir nele ou alimentar a
instabilidade.
Aznar – O ex-PM
espanhol lamentou não ter sido convidado para o Congresso do PP, que liderou
durante 14 anos. A invasão do Iraque custou-lhe a presidência da Comissão
Europeia, sendo hoje um ativo tóxico ansioso por regressar à política ativa.
Israel – A
aprovação de uma lei para proteger a identidade judia é racista e xenófoba. É
um atentado aos Direitos Humanos, que transforma o País numa teocracia e mostra
que não são apenas os jihadistas a afrontarem o direito internacional.
Nelson Mandela –
O centenário do nascimento de um dos mais fascinantes políticos de África e do
Mundo recordou o prisioneiro 46.664, que quis um país livre e multirracial. Não imaginou, quando aboliu em África o Apartheid,
que este ressurgiria em Israel.
Arrendamento urbano
– A Lei das Rendas de 2012 (Lei Cristas) deu um incentivo aos investidores, ao
agilizar os mecanismos para rescisão dos contratos e atualizar as rendas. Ao
diferi-la no tempo, criou os dramas atuais devidos à sua implacável
insensibilidade.
Madrid – A vitória
do candidato menos preparado e mais à direita do PP, reclamando a herança mais
reacionária do partido, indica que o Congresso tinha o coração na Falange. O
franquismo perdura, mas é duvidoso que o PP troque o poder por Pablo Casado.
Grécia – Tal como
na Suécia e na Sibéria, o aquecimento global flagela todos os países e sucedem-se
as tragédias. Cada ano ameaça ser pior do que o anterior, e os países mais
poderosos do mundo elegem decisores políticos amorais e sem visão.
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