Franco e a basílica de Santa Cruz do Vale dos Caídos
A História não se reescreve, porque os factos não se alteram. Os países europeus foram cúmplices das ditaduras ibéricas, consentindo que se perpetuassem, depois da vitória sobre o nazismo. Mantiveram a Península como um dique fascista contra o comunismo, alheios ao sofrimento dos povos e aos crimes dos ditadores.
A Igreja católica não foi apenas cúmplice de Franco, ele foi o seu genocida. Matou mais espanhóis, depois da vitória contra o regime legal, do que todos os que pereceram nessa guerra cuja crueldade, de ambos os lados, provocou uma chacina sem precedentes.
O ditador fascista mandou fuzilar centenas de milhares de espanhóis, atirados para valas comuns, quando já não existia resistência, na orgia de sangue e vingança, que estarreceu o próprio Mussolini, incluindo a tortura de padres “rojo-separatistas”, em prisões que o Vaticano consentiu.
Em 1953, o Papa de Hitler, Pio XII, concedeu-lhe a maior condecoração do Vaticano, a raríssima “Suprema Ordem Equestre da Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo», espécie de canonização em vida, que ainda se mantém, tal como o doutoramento honorário da Universidade de Coimbra.
Devem, aliás, manter-se, comprometem quem as assinou e cujo opróbrio partilham. Após a distinção foi assinada a Concordata mais humilhante a que um Estado soberano pode anuir, com o bairro de 44 hectares criado por Mussolini, com o nome de Estado da Santa Sé.
A transição pacífica para a democracia consentiu que a vontade do ditador se cumprisse. O rei Juan Carlos, educado nas madraças da Falange, atribuiu-lhe honras de Estado e o altar majestático que domina o espaço onde jazem, em vala comum, os que assassinou, honra intolerável e intolerada se fosse concedida a Hitler, Mussolini ou Salazar.
A exumação do ditador é o resgate moral da memória histórica e da dignidade do povo, que os netos do carrasco e os herdeiros da Falange contestam, tentando impedir o ato de justiça e higiene cívica. A onda conservadora que varre a Europa, num sinistro regresso ao passado, a que o PP de Pablo Casado parece associar-se, é o alerta para denunciar a contrarrevolução que se anuncia.
Manifesto, por isso, solidariedade a todos os democratas espanhóis e reproduzo aqui as palavras ditas pelo Núncio da Santa Sé em Espanha, Monsenhor Ildebrando Antoniutti, quando entregou em mão, a Franco, a condecoração de Pio XII:
“Compraz-me particularmente confirmar, uma vez mais, o afetuoso interesse e carinho paternal do Papa para esta católica nação, que tantos consolos lhe proporciona nas duras provas da hora presente. E com toda a minha alma peço ao céu que proteja e cumule de bênçãos divinas a pessoa do Chefe do Estado, o Governo nacional, o Excelentíssimo Episcopado, com o clero secular e regular, e todo o amado povo espanhol. Deus abençoe a Espanha!” Estávamos em 1953 e Pio XII ainda ajudava os nazis na fuga para os países da América do Sul.
Que trio de fascistas, Franco, Antoniutti e Pio XII!
A Igreja católica não foi apenas cúmplice de Franco, ele foi o seu genocida. Matou mais espanhóis, depois da vitória contra o regime legal, do que todos os que pereceram nessa guerra cuja crueldade, de ambos os lados, provocou uma chacina sem precedentes.
O ditador fascista mandou fuzilar centenas de milhares de espanhóis, atirados para valas comuns, quando já não existia resistência, na orgia de sangue e vingança, que estarreceu o próprio Mussolini, incluindo a tortura de padres “rojo-separatistas”, em prisões que o Vaticano consentiu.
Em 1953, o Papa de Hitler, Pio XII, concedeu-lhe a maior condecoração do Vaticano, a raríssima “Suprema Ordem Equestre da Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo», espécie de canonização em vida, que ainda se mantém, tal como o doutoramento honorário da Universidade de Coimbra.
Devem, aliás, manter-se, comprometem quem as assinou e cujo opróbrio partilham. Após a distinção foi assinada a Concordata mais humilhante a que um Estado soberano pode anuir, com o bairro de 44 hectares criado por Mussolini, com o nome de Estado da Santa Sé.
A transição pacífica para a democracia consentiu que a vontade do ditador se cumprisse. O rei Juan Carlos, educado nas madraças da Falange, atribuiu-lhe honras de Estado e o altar majestático que domina o espaço onde jazem, em vala comum, os que assassinou, honra intolerável e intolerada se fosse concedida a Hitler, Mussolini ou Salazar.
A exumação do ditador é o resgate moral da memória histórica e da dignidade do povo, que os netos do carrasco e os herdeiros da Falange contestam, tentando impedir o ato de justiça e higiene cívica. A onda conservadora que varre a Europa, num sinistro regresso ao passado, a que o PP de Pablo Casado parece associar-se, é o alerta para denunciar a contrarrevolução que se anuncia.
Manifesto, por isso, solidariedade a todos os democratas espanhóis e reproduzo aqui as palavras ditas pelo Núncio da Santa Sé em Espanha, Monsenhor Ildebrando Antoniutti, quando entregou em mão, a Franco, a condecoração de Pio XII:
“Compraz-me particularmente confirmar, uma vez mais, o afetuoso interesse e carinho paternal do Papa para esta católica nação, que tantos consolos lhe proporciona nas duras provas da hora presente. E com toda a minha alma peço ao céu que proteja e cumule de bênçãos divinas a pessoa do Chefe do Estado, o Governo nacional, o Excelentíssimo Episcopado, com o clero secular e regular, e todo o amado povo espanhol. Deus abençoe a Espanha!” Estávamos em 1953 e Pio XII ainda ajudava os nazis na fuga para os países da América do Sul.
Que trio de fascistas, Franco, Antoniutti e Pio XII!
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