A campanha eleitoral para as eleições europeias

Campanha de 2014
A campanha é uma desolação onde o périplo dos partidos pelo país, para esclarecerem o que é a União Europeia, se transformou num deserto de ideias e num mar de insultos.
Às vezes convenço-me de que José Sócrates e Joe Berardo são candidatos a abater, sem pudor em referir um caso interno que está na Justiça, ainda sem acusação, e um iletrado cujos advogados ajudaram a preservar a fortuna, depois de lesar o Estado.

Os incêndios e outras calamidades saltam para os discursos como as faíscas que atearam fogos e originaram tragédias, sem se perceber se as catástrofes aumentam ou encolhem de acordo com o partido que captar os votos.

Sobre os benefícios ou prejuízos de uma União Europeia mais ou menos coesa, sobre os danos ou utilidade da sua desintegração, ‘aos costumes dizem nada’.

Da campanha anterior recordam-se as fotos que sobreviveram aos argumentos; agora, silenciam-se as ameaças dos EUA, China e Rússia à UE e o pensamento de cada deputado, se acaso o têm, para lhes responder e as contrariar.

Era altura de ouvir algo sensato e inteligível sobre a postura de cada partido em relação ao espaço onde estamos inseridos.

Em menos de meio século obtivemos “uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo, cinco vezes mais médicos, quatro vezes mais enfermeiros, uma taxa de analfabetismo cinco vezes mais baixa e 25 vezes mais licenciados» (Nuno Aguiar, Visão n.º 1366 – 9/15-5-2019). Era importante saber qual foi o papel da UE, se acaso o teve, nestes resultados, para além da democracia que os militares de Abril ofereceram.

As tricas paroquiais sobrepõem-se à política internacional e é esta que será determinante no nosso futuro coletivo, que eu desejo europeísta, pacífico e respeitador do ambiente e dos direitos humanos.

Comentários

e-pá! disse…
Uma das questões fulcrais a ouvir em relação aos deputados ao Parlamento europeu seria qual a opinião destes sobre a intervenção europeia nos diferentes países durante a crise financeira. Alguém terá ainda o desplante de falar em sucesso?
Ninguém fala, p. exemplo, sobre a indigna e vergonhosa situação a que foi submetido o povo grego (para não cair em caseirismos nacionalistas). Conseguiremos ter o discernimento de separar os Governos do Povo (sobre quem recaem as medidas)?

E a pergunta é:
- vamos continuar a assobiar para o lado e a dizer como a Direita nacional que 'nós não somos a Grécia' e supostamente não temos nada a ver com isso?

Só pensar nas diatribes feitas aos gregos assusta e refreia qualquer entusiasmo europeísta.
Na altura o 'diabrete' foi o ministro Schäuble. Hoje, temos a ameaça de um cerco e assim indigitado um companheiro de Schäuble na presidência da Comissão Europeia (Weber) e um outro apaniguado alemão na presidência do Banco Central Europeu (o ex-FMI e atual governador do Bundesbank- Jens Weidmann).

O que mais nos poderá acontecer?
e-pá:
Tudo isso é verdade, mas sem a UE penso que será sempre pior. Pode ser uma questão de fé, mas ainda não descobri alternativa, muito menos «orgulhosamente só». Abraço.

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