Ainda António Barreto (AB)
Não me movem ódios pessoais e dói-me que democratas amigos se sintam irritados com a denúncia de oportunistas a quem o ar carrancudo disfarça a vacuidade das afirmações. Nem por isso deixarei de expor na praça pública os oportunistas, por maior devoção que pessoas de bem lhes tributem.
Alfredo Barroso, a quem os jornais negam a participação
graciosa com os seus textos de análise política, apesar da longa carreira de jornalista.
com provas dadas, recorda que AB, depois do apoio à direita onde foi um adereço
útil à AD, se reaproximou de Soares para completar 8 anos como deputado para
poder receber o subsídio político vitalício.
E diz: «…Mal completou os oito anos (só lhe faltavam uns
meses) que davam direito ao subsídio político que continua a receber, António
Barreto deitou mão a todos os pretextos para entrar em conflito político com o
PS, rompendo mais uma vez com o partido e saindo com alarido da Assembleia da
República...» (Alfredo Barroso)
E eu não resisto a republicar outro texto que escrevi a
respeito do oportunista:
«António Barreto (AB) – O masculino de Zita Seabra sem
hóstias
António Barreto, sociólogo, bom fotógrafo e medíocre
pensador julga-se uma espécie de guru da direita civilizada.
Esteve na Suíça onde poderia ter-se tornado cosmopolita, mas
o apelo provinciano não lhe permitiu afastar-se das origens, dos proprietários
de quintas do Douro.
Foi membro do PCP, no exílio, pois claro, de onde saiu por
considerá-lo muito à direita, e foi no PS, depois de derrubada a ditadura, que
viajou para a direita neoliberal, durante as tropelias no ministério que Soares
utilizou para se reconciliar com os latifundiários. Ornamentou depois a
experiência de Sá Carneiro para unificar a direita democrática na AD com o
apodo de ‘dissidentes do PS’.
Não o ouço na TV onde era, ignoro se é ainda, comentador
encartado dos atos eleitorais, e não lhe faltam jornais para propaganda. O
homem que mais escarneceu a Expo-98, os telemóveis e tudo o que é progresso,
acabou como almocreve da direita, a rivalizar com Cavaco no ódio à esquerda.
Quando da formação do último governo, AB, confundiu o desejo
e a realidade. Disse ao “Dinheiro Vivo” que António Costa pode perder o
partido, ao estar a unir-se a partidos comunistas, porque "O PS é
geneticamente anticomunista e deixar de ser anticomunista e passar a ser amigo
ou aliado do comunismo, do Bloco de Esquerda ou do Livre põe problemas
seríssimos”.
Problema seriíssimo seria ter-se aliado à direita.
Enganou-se como sempre, apesar do ar doutoral com que se engalana, mas isso é
assunto menor. O homem é assim, ou foi-o sempre, já quando era do PCP e à
esquerda do PCP, por dissimulação ou exibicionismo.
O que incomoda é a tentativa de reescrever a História.
A propósito da homenagem da AR ao ilustre parlamentar e
político falecido, transcrevo da homilia dominical no Público, republicada no
blogue Sorumbático, onde colaboro: “Se quiserem designar Freitas do Amaral como
um dos quatro “pais da democracia”, com Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e
Ramalho Eanes, há razões para o fazer.”
É preciso topete para substituir Álvaro Cunhal por Ramalho
Eanes, ao gosto estalinista, nos líderes partidários que legaram a CRP que nos
rege, e é uma ingratidão, própria dos trânsfugas, a omissão de que a democracia
foi oferecida ao povo português, numa madrugada de Abril, pelos capitães do MFA
a quem deve o regresso à Pátria e a relevância que não lhe reconhecem para lá
de Vilar Formoso ou do aeroporto Humberto Delgado.
Foram eles, os capitães de Abril, os pais da democracia.
Prometeram, e cumpriram, as eleições livres e a entrega dos destinos de
Portugal aos civis. Não mereciam a amnésia dos cobardes, oportunistas e
aldrabões. Bastaram as retaliações de que foram alvo.»
Comentários
E vale a pena ainda lembrar a elevação a CEMFA de Soares Carneiro por Cavaco, uma figura sinistra, cuja única presença digna de relevo na vida pública foi ter sido o candidato da Direita nas Presidenciais de 1981 contra Ramalho Eanes, a mostrar que nem Sá Carneiro nem Freitas do Amaral se coibiram de escolher uma figura do antigamente para se candidatar ao mais alto cargo da Nação.
Mas eu, Carlos Esperança, se tivesse que escolher uma figura para além dos líderes partidários a quem devemos também a consolidação da Democracia, incluiria também o primeiro Presidente diretamente eleito pelos Portugueses nunca esquecendo, bem entendido, a contribuição do PCP e do seu líder Álvaro Cunhal, que após 1975 aceitou o carácter multipartidário e pluralista do nosso regime e contribuiu para medidas emblemáticas como a criação do SNS, o mesmo de que nos orgulhámos hoje, mau grado os seus problemas.
Não é o soberanismo do PCP e os objetivos que defende que me assustam, são pontos de vista legítimos, mesmo se é questionável qual o caminho político que o PCP tomaria para lá chegar (nunca chegou a explicar como sairíamos do Euro, por exemplo). O que ainda me assusta são as companhias (os Partidos Comunistas de Países como a China, Cuba, etc) que o PCP persiste em manter...
Isto dito, a personagem António Barreto há muito que não passa de uma figura menor do panorama político português onde faz o papel de Cassandra que outros como Medina Carreira ou Henrique Neto, também representam... Não vale a pena perder tempo com ele...