Notas Soltas – outubro/2020
CGTP-IN – No dia 1, comemorou o 50.º aniversário a mais importante central sindical, constituída ainda em ditadura. Merecem felicitações os que fizeram do sindicalismo um instrumento ao serviço dos trabalhadores e um relevante contributo para a democracia.
Alemanha – O partido de extrema direita alemão (AfD), a principal força de oposição, demitiu o dirigente e porta-voz, Christian Lüth, por ter sugerido assassinar imigrantes “com gás”. A ressurreição de demónios, 75 anos após o Holocausto, estarrece.
Mafalda – Faleceu Joaquín Salvador Lavada, argentino mundialmente conhecido como Quino. Há 56 anos criou Mafalda, miúda contestatária de rara humanidade, inteligência e humor, que, na sua desfaçatez, sobreviverá para continuar a falar-nos do presente.
Donald Trump – Ao tirar a máscara, logo que chegou à Casa Branca, após ter saído do hospital onde esteve internado por infeção com covid-19, exibiu insânia e indiferença à saúde de quem o rodeia e ao controlo sanitário da pandemia, com o deplorável exemplo.
Manuel Soares – O presidente da Associação Sindical de Juízes juntou-se aos ataques ao Governo no termo do mandato do presidente do Tribunal de Contas. Esta ingerência deplorável foi um ataque à decisão do PR e PM, que tinham acordado mandatos únicos.
Cavaco Silva – Disse que só os seus governos aplicaram modelo da social-democracia e que não é de esquerda nem de direita. Ignorou que a social-democracia é de esquerda e, não a distinguindo do neoliberalismo, mostrou que já nem de economia sabe.
Hungria – O PM, Viktor Orbán, cuja deriva autoritária limitou a liberdade de expressão e a independência dos tribunais, sofreu um forte revés no Tribunal de Justiça da UE, que considerou ilegal o fecho da Universidade Central Europeia, por violar os Direitos Fundamentais da UE.
Grécia – A decisão do tribunal grego que condenou e ilegalizou o partido nazi, Aurora Dourada, por terrorismo e associação criminosa, condenou a extrema-direita e defendeu a democracia. O fascismo não é uma ideologia, é a cultura do ódio e da discriminação.
Nobel da Paz – A atribuição do prémio, frequentemente o mais contestado e, por vezes, infeliz, foi entregue à agência humanitária, Programa Alimentar Mundial, decisão que, desta vez, premeia a meritória instituição da ONU, dedicada à luta contra a fome.
Fátima – O caos da peregrinação de 13 de setembro, cujas consequências na difusão da Covid-19 foram silenciadas, levou a Igreja e os crentes a medidas de autocontenção. O medo impediu que, em outubro, nem os 6.000 peregrinos permitidos comparecessem.
EUA – A nomeação da juíza Amay Coney Barrett, para substituir Ruth Bader Ginsburg, é, pelo seu carácter vitalício e currículo reacionário, uma prepotência do PR, inédita em período eleitoral, para perpetuar o controlo judiciário ultraconservador.
EUA-2 – A imprevisibilidade e ausência de formação democrática do PR, que rasgou os acordos internacionais dos EUA e se negou a entregar a declaração de impostos, causa enorme apreensão sobre o que pode acontecer após a sua eventual derrota eleitoral.
Saúde – A carta aberta dos Bastonários da Ordem dos Médicos, o atual e anteriores, é a exigência de Miguel Guimarães, António Gentil Martins, Carlos Ribeiro, Germano de Sousa, José Manuel Silva e Pedro Nunes para obrigar o SNS a pagar o sector privado.
Terrorismo – O assassínio do professor francês de História, da disciplina de Cidadania, antídoto do comunitarismo, mostra o perigo do fascismo islâmico e o dever republicano de impor o ethos civilizacional europeu. Samuel Paty foi vítima de uma sórdida fatwa.
Espanha – A condenação da maior teia de corrupção de sempre, do PP, o Caso Gürtel, em alguns casos a mais de 40 anos de prisão, de antigos deputados, senadores, autarcas, e familiares, foi branqueada nos média espanhóis e ignorada nos portugueses.
Bolívia – A expressiva vitória do candidato do Movimento para o Socialismo, partido de Evo Morales, exilado em Buenos Aires, vingou o seu afastamento. A esquerda volta ao poder, através de Luis Arce, quase um ano depois da demissão imposta a Morales.
Chipre – Nas eleições presidenciais da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), 52% dos 200.000 cipriotas turcos elegeram o nacionalista Ersin Tatar. É uma afronta à Grécia, a derrota da UE e da mediação de paz da ONU, e a legitimação da ocupação e ingerência turcas. A vitória islâmica de Erdogan é uma derrota da Europa.
Vaticano – O Papa Francisco defendeu a criação de leis que protejam a união civil entre pessoas do mesmo sexo. A defesa do direito à família e à proteção das uniões civis entre homossexuais revela o humanismo e a sensibilidade que o definem, arriscando a vida.
Açores – A magra vitória do PS, a boa votação do PSD de Rui Rio e a perda da maioria do PS definem a votação que o pode impedir de governar e cumprir a legislatura. O PCP faz falta e desapareceu, o BE tornou-se irrelevante e a esquerda perdeu a maioria.
Bloco de Esquerda – Filho de 3 matrizes ideológicas, cresceu radical. Ao votar contra o OE-21, antes da discussão da especialidade, abandonou o destino do OE ao PSD. O Bloco passou a ter demasiada areia e pouco cimento.
Blasfémia – Sendo um crime particular de ofensas contra Deus, só o próprio Deus tem legitimidade para processar o autor. A França permite a blasfémia, os que se indignam aprovam a pedofilia, a discriminação da mulher e a decapitação. Viva a França!
Covid-19 – O mês termina com a alarmante situação
sanitária a agravar-se diariamente. A falta de civismo de quem não respeita as normas
sanitárias agrava a tragédia de uma situação que está a ficar sem controlo em
toda a Europa. Bastavam os negacionistas!
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