Perguntar não ofende?
– Marques Mendes não tinha há anos um processo judicial por fuga ao fisco e outro por fraude fiscal? Bem sei que um Conselheiro de Estado não pode ser fiscalizado, mas os média não podiam criar-lhe a situação que criaram a Dias Loureiro, ainda que o final fosse o mesmo?
– A antiga PGR, Joana Marques Vidal, que se vestiu com beca
e insígnias para desfilar na procissão do Senhor Santo Cristo, em Ponta
Delgada, com desprezo do Estado laico, afirmou em artigo da Ordem do Advogados,
e numa palestra, que o mandato era único, como entendia o constitucionalista
Marcelo Rebelo de Sousa, e deixou correr a calúnia de que era um saneamento da
dileta do sindicato. Quereria, no segundo mandato, reabrir o processo de
corrupção dos submarinos, depois das provas alemãs, como admitiu e não fez, e
investigar o processo Tecnoforma, que nunca lhe ocorreu, apesar de a UE obrigar
o Estado português à devolução das verbas fraudulentamente desviadas?
– A Igreja católica tem quase 50 mil edifícios isentos de
IMI. Não é crível que as 4376 paróquias tenham mais de dez edifícios por
paróquia, destinados ao culto e, talvez para guardar andores. Não serão
demasiados edifícios para a devoção que sobra e excessivos os privilégios
fiscais para o clero de uma religião, num Estado laico»?
– Alguém sabe que uma greve de estivadores e marinheiros do
porto de Bissau, em 2 de agosto de 1959, por aumentos salariais, foi
violentamente reprimida pelas autoridades coloniais, registando–se no massacre
de Pidjiguiti, como ficou conhecido, cerca de 50 mortos e de 100 feridos e que originou
o início da luta de libertação da Guiné–Bissau?
– Quem se recorda do cardeal dos coletes amarelos, esse mesmo,
o que disse que só há dois partidos (CDS e Chega) cuja doutrina estava de
acordo com a da Igreja católica e que, numa pulsão censória, considerou conquistas
irrecusáveis […] o direito à vida, à liberdade e ‘à responsabilidade de
expressão’ […]», negando a liberdade de expressão para a transformar em responsabilidade,
numa amnésia freudiana?
(Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa – Fonte: DN,
12-01-2015, pág. 14).
Comentários