EUA – As eleições presidenciais

É difícil combater a ansiedade e conciliar a escrita sob a ameaça aterradora de um vírus cuja evolução é imprevisível, enquanto se agrava a destruição da economia, do emprego e da confiança nas instituições democráticas e a fome se dissemina no mundo.

No caso português, a dúvida sobre a aprovação do OE-2021, com execução em período de incertezas, acrescenta instabilidade à economia e à política numa conjuntura em que a AR é indissolúvel e o governo ficará sem soluções, manietado através de duodécimos.

Ainda assim, com o aquecimento global a ameaçar o futuro da humanidade, a explosão demográfica a infernizar o presente e a falta de água potável a ameaçar, em apenas uma década, a maior parte da população do Globo, as eleições americanas afligem e marcam a atualidade.

Sendo o PR dos EUA o mais determinante para a vida de todos os habitantes do Planeta, merecia ser eleito por todos os que lhe sofrem as consequências, mas, sendo uma utopia, é ao povo americano que confiamos o nosso futuro, dependente do seu voto.

É inútil chorarmos a debilidade da Europa, ainda hoje na vanguarda da civilização, a sua incúria, após a implosão da URSS, para atrair a Federação Russa ao seu espaço cultural, político, económico e estratégico, quando foi cúmplice da desintegração da Jugoslávia e agora assiste à tentativa da sua própria fragmentação e à da Federação Russa, pela longa mão americana.

A Europa, que muito deve aos EUA na libertação do nazismo, acabou satélite e agente dos seus interesses. A ameaça contra a negociação das telecomunicações e a exigência de uma política externa alinhada, quando o seu imprevisível PR não possui o mais leve sentido democrático nem respeita os acordos internacionais, coloca a Europa refém de um eleitorado imaturo, nacionalista e violento.

Estamos, pois, dependentes, não só dos eleitores americanos, mas do que fará Trump se as eleições lhe forem desfavoráveis.

Lembramo-nos do que se passou quando Al Gore, num gesto de grandeza inesquecível, felicitou o adversário Bush, quando a nebulosa contagem dos votos da Flórida estava a retirar-lhe a vitória com o empenho e influência do Governador, o irmão Bush.

Está presente na memória a derrota da Senhora Clinton perante o inimaginável Trump e as interferências dos algoritmos na vitória de quem teve menos três milhões de votos.

O que não tem precedentes é a imprevisibilidade e a falta de sentido democrático de um PR que rasgou acordos internacionais dos EUA, que se negou a entregar a declaração de impostos e causa as maiores apreensões sobre o que será capaz de fazer na sequência de uma derrota eleitoral.

Na Europa assiste-se à repetição da guerra fria, agora entre os EUA e a China, e vive-se em estado de guerra civil conta o coronavírus, com o brutal cerceamento das liberdades e o risco de implosão económica, financeira e democrática com efeito dominó.

Resta esperar que a substituição de Trump seja pacífica e restitua uma leve esperança ao mundo.

Ponte Europa / Sorumbático

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