O plágio é lepra que alastra sem se ver
«O estudante (…), da Escola Secundária (…), em (…), ganhou duas medalhas nas provas das Olimpíadas da Matemática do ano letivo de 2019/2020, anunciou o agrupamento» – lê-se no Jornal do (…), de 20 do ct., na sua página do Faceboock.
§ Nota – Este estudante apropriou-se de um texto alheio.
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Reflexão
Recebo frequentemente textos meus, enviados por amigos, atribuídos a outros autores e, habitualmente, limito-me a sorrir, satisfeito por terem merecido apreço.
Desta vez, por se tratar de um aluno premiado em Matemática, que poderá reincidir no plágio, na ciência é-se implacável com as fraudes, que publicou, como seu, o meu texto «Não gosto de que me decapitem», de 19 ct., merece-me algumas considerações.
Omito o seu nome, foto e link do jornal, por não ter o direito de o enxovalhar, e, dado que tem 330 ‘amigos’ comuns, espero que lhe ensinem ética com o mesmo esmero com que o guiaram na Matemática os professores da escola que frequenta.
Há quem tenha visto carreiras desfeitas, a honra ferida e o futuro comprometido por não ter consciência de que a propriedade intelectual é um bem tão precioso como os outros.
Do mesmo modo que não aceito a indulgência com que é tratado o ‘hacker’ que devassa a intimidade de pessoas, arromba caixas de correio eletrónico e viola segredos de Justiça em Tribunais, sob a desculpa de que descobriu crimes e criminosos, não aceito o plágio.
Este jovem foi advertido do plágio por um amigo, mas, talvez pelo número de reações e comentários elogiosos, mantém o texto no mural, onde só os amigos podem comentar.
Quem não tem a humildade para reconhecer a fraude, apagar o texto, pedir desculpa ou reparar o erro, se foi lapso, corre sérios riscos de se tornar um adulto capaz de todas as tropelias e falcatruas.
Como fui professor, sei que não me assiste o direito de humilhar o jovem, que ainda não formou convenientemente a sua personalidade, mas tenho o dever de o advertir para que possa cultivar a ciência e a ética e tornar-se impoluto em ambos. É pedagogia.
Este texto ser-lhe-á enviado por um amigo comum. Espero ajudar a salvar o futuro do promissor matemático e levar à reflexão de quem me lê, sobre um ato de corrupção em voga que raramente é vergastado.
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