Eleições presidenciais – Reflexões
Marcelo é um democrata. Não vale a pena denegri-lo pelo meio de onde veio ou mesmo pelo seu percurso ziguezagueante. Não é justo nem descente.
É desonesto e de mau gosto negar-lhe as convicções democráticas, tão arreigadas como o seu exacerbado conservadorismo nos costumes, paradoxalmente não sendo praticante.
MRS é um político de direita e, no seu segundo mandato, tudo fará para deixar no poder a direita democrática, se a houver com força suficiente, razão para não merecer votos de sociais-democratas, isto é, do PS, Livre e parte do BE. MRS é um genuíno conservador e democrata-cristão, com a indiscutível simpatia de quem lhe negaria o voto em eleições legislativas, e votará nele nas presidenciais.
Esta é a razão pela qual um candidato à PR, indicado pelo PS, fosse quem fosse, obteria sempre uma votação inferior a 20%, averbando uma enorme derrota para o partido. A declaração final do candidato do PS, a assumir a derrota como pessoal, faria as delícias de comentadores da noite eleitoral, a rejubilarem com a derrota da esquerda, a somarem votos dos candidatos do PCP e BE e a compará-los com os de Marcelo e dos fascistas, com os adversários de António Costa a responsabilizá-lo, como se pudesse impedir que os simpatizantes do PS o sejam também de MRS.
Dito de forma simples, Marcelo, sem qualquer apoio partidário, será sempre o candidato mais votado da primeira volta, seja única ou não. A vitória em um segundo mandato, até Cavaco a conseguiu à primeira volta, não houve exceções, embora fosse lamentável que se desse por adquirida a vitória de Marcelo. Em democracia não há vitórias antecipadas.
Só quem pretende o suicídio político de António Costa pode querer obrigá-lo a defender um candidato diferente de Marcelo, sem benefício para o conjunto das esquerdas, salvo ganhos residuais para os candidatos do PCP e, sobretudo, do BE, se não houvesse um/a candidato/a credível da área do PS, o que acabou por não acontecer.
Como social-democrata, não votarei em MRS. Combaterei a sua candidatura, e não me assusta a sua eventual vitória. Numa segunda volta, que a dinâmica da campanha poderá tornar possível, será aliciante o duelo democrático.
Nesse caso, é fácil decidir o lado.
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José de Matos