Saddam Hussein – um ditador laico assassinado pelo Eixo do Bem

Não podemos esquecer o crime contra a Humanidade nem o sangue que derramaram no Médio Oriente os 4 do bando reunido nos Açores, sob o signo da violência e a pretexto da democracia, invocando o que sabiam ser mentira, a existência de armas químicas.

Os quatro Cruzados cristãos, sob o comando do evangélico Bush, decidiram destruir um país e empenhar-se numa orgia de sangue. Os europeus eram católicos. Blair, ainda com o pseudónimo de anglicano, por conveniência eleitoral, transferiu-se para o catolicismo quando acabou o mandato de PM do R.U. Aznar, o empedernido franquista, e Barroso, um mordomo disponível para todos os negócios, completaram o sinistro gangue.

Os quatro do bando, do Eixo do Bem, partilhavam a amoralidade e a violência. Não lhes tremeu a mão ao assinarem a invasão, e nenhum deles se envergonhou da pena de morte banida dos códigos penais dos países europeus.

O enforcamento de Saddam, o primarismo medieval de sabor texano que alguns países conservam, foi executado perante o silêncio dos cúmplices da invasão, talvez porque os genes da violência se compadecem com a macabra ignomínia dos algozes, perante uma vítima que era de todos.

A pena de morte, que o Papa Francisco condenou pela primeira vez na Igreja católica, é o reflexo do primarismo que ficou em indivíduos cuja violência resistiu aos avanços da civilização e do humanismo.

Quanto à invasão do Iraque, deixo um texto de há sete anos. Só o poder dos aiatolas do Irão se transferiu para o proto califa Erdogan, mais um Irmão Muçulmano, tão perverso como os invasores do Iraque:       

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A fraude do Iraque, o Iraque das fraudes e o assassínio de Saddam Hussein (texto de 30-12-2013) atualizado

 Faz hoje 14 anos que enforcaram Saddam

Na impossibilidade de levar a julgamento os quatro que, nas Lajes, traíram a verdade, o direito e a ética, para executarem o plano gizado previamente pela dupla Bush/Dick Cheney, o desprezo seria o lenitivo para a raiva e o nojo que sentimos, mas os efeitos colaterais não nos deixam em paz.

A ditadura de Saddam, ao contrário de outras da região, era a única que tinha um cristão ministro e garantia o carácter laico do Estado. Judeus e cristãos suportavam a ditadura e não eram molestados pelas crenças. Agora já são residuais e continuam a desaparecer.

Destruído o país, após a matança que não poupou os próprios invasores, o Iraque virou campo de treino do terror islâmico e o Irão surgiu como potência regional e nuclear.

Da promessa de democratização, usada para consumo da opinião pública internacional, não mais se ouviu falar. A nova Constituição acolheu o Corão que, como todos sabem, respeita igualmente a democracia, o álcool, a mulher e a carne de porco.

A alegada ingerência humanitária saldou-se num crime contra a humanidade, onde não faltaram a tortura, prisões arbitrárias e a destruição maciça de um país soberano. Bush, desonrado, regressou ao Texas onde pôde voltar ao álcool, Blair dedica-se aos negócios, Aznar anda por aí a dizer inanidades e a traficar influências e só Barroso ainda flutua com a conivência de velhas e novas amizades. Os outros cúmplices desapareceram.

A infâmia da agressão ao Iraque vai sendo esquecida assim como a mãe de todas as torpezas, a mãe de todas as corrupções, a mãe de todas as pulhices, depois de Saddam ter perdido a mãe de todas as batalhas, “a denúncia feita pelo The New York Times, que considerava que o dinheiro desaparecido podia ultrapassar 50 mil milhões de dólares e que o valor real poderia nunca ser esclarecido”.

E não foi. Faz hoje 14 anos que Saddam Hussein foi enforcado, condenado por crimes contra a humanidade.

30-12-2013

Comentários

Jaime Santos disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaime Santos disse…
Carlos Esperança, Saddam, laico ou pio, era um ditador desprezível e foi condenado por um tribunal iraquiano. Convém não esquecer que era culpado de múltiplos crimes, incluindo o uso de armas químicas contra o povo curdo. Não defendendo eu a pena de morte para crimes de delito comum, considero que é dos poucos tiranos do sec. XX que provavelmente a mereceu.

Não é a sua morte que devemos lamentar às mãos dos quatro da Terceira, e sim a de centenas de milhar de iraquianos inocentes, vítimas colaterais da opção de se libertar o Iraque à bomba.

Se Bush, Blair e Aznar (Barroso limitou-se a obsequiar os outros três, mas a realização da cimeira na base das Lages permitiu que Sampaio extraisse dele, pelos vistos, a concessão de que não haveria tropas portuguesas no Iraque, a sujar as mãos nessa ignomínia que levou a represálias terroristas contra a Espanha e o Reino Unido, com os atentados de La Tocha e Londres) tivessem sido julgados pela mesma bitola, provavelmente teriam encontrado destino semelhante ao do sátrapa iraquiano.

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