Notas Soltas – junho/2021
Covid-19 – O êxito do plano de vacinação deve muito à
competência, dedicação e zelo do almirante Gouveia e Melo cuja capacidade de
organização mostrou o que o país tem perdido, nas últimas décadas, por
desprezar as competências das suas Forças Armadas.
EUA – A extrema-direita americana, que hoje domina o
Partido Republicano, ainda não digeriu a derrota de Trump, e insiste numa lei que
dificulte o voto e impeça as minorias, já discriminadas, de se exprimirem nas
urnas.
Israel – A insólita aliança de oito partidos para
afastar o PM, Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e de destruir do Estado
de direito, foi a única forma de o derrubar, mas é improvável a longevidade da coligação
que inclui a esquerda pacifista e a direita ultranacionalista.
China – A repressão às manifestações no 32.º
aniversário do massacre de Tiananmen é a face visível da ditadura, que ignora os
compromissos assinados para a transição da soberania de Hong Kong e de Macau, respetivamente,
com o Reino Unido e Portugal.
Jihad islâmica – Os persistentes ataques terroristas,
por todo o mundo, recordam os horrores das Cruzadas, da evangelização e da
Guerra dos Trinta Anos. O fascismo religioso, à semelhança do laico, exige um
combate global.
PAN – Quem leu o programa das últimas eleições legislativas
há de ter-se surpreendido com o êxito da agremiação sem ideologia, defensora de
animais, aliada ao PSD e Chega nos Açores e ao PS no Continente, a virar
ecologista no seu VIII Congresso.
Multinacionais – O consenso obtido por António Costa,
na UE, quanto a impostos, fez escola. O G7 aceita o IRC mínimo e ameaça os
ganhos fiscais. Falta o entendimento no G20, em julho, e um acordo à escala
mundial, depois do Verão.
Regionalização – A obrigação constitucional e os desejos
partidários foram seriamente comprometidos com a dimensão da derrota em
referendo. Os defensores, perante abusos da Madeira e Açores, assustam-se de
novo com as ambições de caciques regionais.
Livre-pensamento – A Comissão europeia deve defender
a liberdade de consciência e não apenas a “liberdade de religião e de crença”,
porque são frequentemente as últimas as que não se conformam com a matriz
civilizacional que exige o respeito por elas.
Iniciativa Liberal – Cotrim de Figueiredo e Tiago
Mayan Gonçalves desafiaram com o arraial anárquico, perigoso e provocatório,
normas sanitárias. Foram trágicos os reflexos no contágio da Covid-19 e soez a
graçola de atirar setas aos adversários políticos.
PR – Com a pandemia a agravar-se, a infeliz
declaração “comigo o país não volta atrás no confinamento, comigo nunca mais”,
contrariou as recomendações dos virologistas, deu um sinal errado ao País e foi
ingrato e rude na ingerência em decisões do Governo.
ONU – A recondução do sec.-geral, António Guterres,
com o voto favorável e unânime dos 193 Estados membros, foi a justa homenagem
ao denodado defensor da paz e dos direitos humanos no mais alto cargo mundial, nunca
antes atingido por um português.
Joe Biden – Por mais objeções que a política externa
da maior potência global mereça, só o antiamericanismo primário ou as saudades
de Trump podem desvalorizar as sérias tentativas na resolução de alguns dos grandes
problemas mundiais.
Igreja católica – Contra a vontade do Papa, bispos
católicos pretendem aprovar, nos EUA, uma declaração que proíbe a comunhão aos políticos
católicos que defendam o direito ao aborto, para atingirem Joe Biden. Saudades
de Trump!
PS – A vitória de António Costa, reeleito pela Comissão
Nacional, foi a vitória social-democrata contra o neoliberalismo que permanece
no partido e ignora o que o País lhe deve na pior conjuntura sanitária das
nossas vidas.
Irão – Com participação inferior a 50% e mais votos
nulos do que votos em candidatos, foi eleito o protegido do ayatollah Khamenei que,
em agosto, será PR da teocracia onde o horror à modernidade e aos direitos
humanos são o reflexo da devoção a Maomé.
Afeganistão – Joe Biden anunciou a saída
incondicional dos soldados americanos até 11 de setembro. Os talibãs
regressarão ao poder, arrasando o país e trucidando todos os que lutaram contra
eles. A teocracia e a crueldade estão de volta ao país asiático.
Hungria – A proibição legal de alusões à
homossexualidade a menores de 18 anos, nas escolas e na imprensa, é mais um
atentado aos direitos humanos e um desafio de Viktor Orbán, que a equipara à
pedofilia, colocando a UE na obrigação de expulsar a Hungria.
Espanha – O indulto a nove proeminentes
independentistas catalães presos foi um ato de enorme coragem do PM, Pedro
Sánchez, para tentar o diálogo, quando o PP e VOX tratam o caso político como
caso de polícia e só têm a repressão para oferecer.
Eutanásia – A entrada em vigor da lei que autoriza a
autodeterminação individual foi a oportunidade que a Espanha abriu a quem não suporta
o sofrimento sem esperança, e a forma de transferir para cada um/a o direito a
decidir.
França – A derrota da extrema-direita nas eleições
regionais foi uma boa notícia, mas não há vitórias definitivas, e o ambiente atual
da Europa é semelhante ao da década de trinta do século passado com as
consequências trágicas que se conhecem.
União Europeia – A presidência portuguesa teve
enormes vitórias: adoção do Plano de Recuperação, clarificação fiscal das
multinacionais, reforço dos poderes do Provedor de Justiça, Passaporte Europeu
Covid, impulso ao pilar social e, finalmente, acordo sobre a PAC para o período
2021-2027.
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