Notícias e propaganda
O saudoso jornalista Oscar Mascarenhas, que me fez colaborar no prestigiado Jornal do Fundão onde, durante dois anos, publiquei crónicas ao lado de prestigiados escritores, foi um excelente amigo e, de algum modo, mestre.
Recordo-o frequentemente quando, ao procurar notícias, sou
fustigado pela propaganda. Dizia-me o então presidente da Comissão de Ética do
Sindicato dos Jornalistas: “Peço sempre que me deem duas versões das notícias,
para poder escolher a minha.” Hoje já não há duas versões, difama-se quem ouse
duvidar da única, e instiga-se o ódio a quem a conteste.
Há muito que a versão única se sobrepõe à diversidade. A
propaganda tomou conta da informação; o mediatismo de um cidadão sobrepõe-se ao
mérito; os lugares destacados da política são fabricados por agências, e os adversários
eliminados por difamação.
Recordo a incontinência verbal e perturbação do regular
funcionamento das instituições pelo próprio PR, as manifestações de simpatia e
antipatia por membros do PSD cujo futuro pretende moldar, e não posso deixar de
alertar para a criação de personalidades para futuros cargos de topo através de
comentadores e do jornalismo de reverência.
Ninguém perguntou ao PR, quando o Tribunal absolveu todos os
arguidos dos processos referentes ao incêndio de Pedrógão, por
coincidência, estava em Portugal, se não sentia remorso pela demissão que
provocou à dedicada ministra Dr.ª Constança Urbano com as inadequadas
referências a quem seria indigno atribuir responsabilidades políticas.
Enquanto o Dr. Monterroso anda aí a exibir a distância ética
que o separa do antecessor, a coagir deputados do PSD para votarem
vice-presidente da AR um membro do partido fascista, com quem se há de ter conluiado,
anuímos acriticamente à promoção mediática do falhado presidente da Câmara de
Lisboa e à do almirante Gouveia e Melo, o primeiro para o tornar credível para
PM e o segundo para eventual PR.
Repare-se no número de vezes e no aparecimento forçado do
edil de Lisboa em assuntos de âmbito nacional. A que propósito? Era sobre a
autarquia que devia ser questionado.
Quanto ao almirante, agora sem camuflado e antes de aparecer
com fato civil, é o único Chefe de Estado Maior que o País conhece. O do
Exército e o da Aeronáutica mantêm-se no anonimato, como é natural, tal como o
chefe direto dos três (CEMGFA)!
Ninguém estranha que se tenha aproveitado o crime de morte
cometido por marinheiros, excitados pelo álcool, à saída de um cabaré, para
transmitir ao País um discurso aos marinheiros?
Depois, foi o anúncio da criação de um novo tipo de submarino (!?). A
seguir a sua patriótica declaração de que a Marinha estava preparada para
defender a soberania das Ilhas Selvagens fosse de que inimigo fosse. Agora é a
promoção de um exercício da Nato: “É o maior exercício de robótica da NATO e do
mundo”.
Ninguém estranha? Já temos substituto para Marcelo?
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