M. – O PR (26) O beato censor

Bem confessado, absolvido e comungado M. – O PR ardia em ânsias pela visita quando, fintado pelo Papa, este lhe surgiu pela esquerda, ao nível do solo.

Esquecera o protegido Moedas e duas crianças que trocaram as flores que levavam por dois terços que o Papa trazia. Já se apeara Madre Fátima Campos Ferreira, a soror Aura Miguel da RTP, ainda mais benzida, rezada e sacramentada, e M. – O PR ainda olhava a porta do avião.

M. – O PR, enganado pela tripulação do avião papal, saída primeiro, ao dar-se conta do Papa a circular ao nível do solo, vindo detrás, atirou-se a ele e sacudiu-o com ganas. Foi a apoteose beata na exibição da fé para as filmagens.

No tempo em que o aguardou, em delírio místico, há de ter pensado nas tropelias a que a sua natureza o obriga. Há de ter recordado a sua perversidade de censor ao serviço da Igreja, e julgado que o Papa lhe devia favores.

Para quem se esqueceu do censor Marcelo, abro aqui um parêntese para recordar que, em 1994, o bispo Maurílio Gouveia, em nome da ICAR, atacou o popular programa “Herman Zap!”, por uma rábula humorística sobre a Última Ceia de Jesus: O programa ridicularizou o que há de mais sagrado na fé dos cristãos: a eucaristia” – disse o bispo.

Tinha o direito de manifestar a opinião da Igreja, ainda que a sensibilidade ao humor fosse a de um batráquio, mas, para quem preza a democracia, a liberdade de expressão sobrepõe-se à idiossincrasia da fé. Marcelo Rebelo de Sousa, então presidente do PPD, declarou: “Vejo com preocupação que, sendo um canal de serviço público, nele se encontrem mensagens que podem ser consideradas ofensivas de valores partilhados pela maioria dos portugueses e também ofensivas de instituições particularmente relevantes como é a Igreja Católica”. E o programa morreu ali.

Foi este censor que o País viu em delírio exibicionista durante os dias em que Francisco veio a Portugal, na JMJ de 2023, realizada sob os auspícios dos patronos: Beata Maria do Divino Coração, Beata Alexandrina de Balazar e santos Francisco e Jacinta Marto.

Hei de trazer aqui as biografias das pouco conhecidas beatas antes de M. – O PR ir à sua custa à JMJ de Seul em 2027, depois de ter ido ao Panamá à nossa. A 3.ª inscrição como peregrino há de dar-lhe indulgências plenas e bilhete de 1.ª classe para o Paraíso da fé.

Pode orgulhar-se da receção ao Papa, de o aplaudir quando ele condenou a eutanásia, situação em que devia conter-se por ser um direito individual legitimado em Portugal.

Não se exige ao beato que goste dos direitos que só obrigam quem quer, exige-se ao PR de um país laico que respeite os direitos de todos, crentes e não crentes.

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