M – O PR (27) – o intriguista de Belém
Marcelo já nos surpreendeu com a imaginação e originalidade de quem, rezando o terço todos os dias, achou que “Um sítio onde é sensacional rezar o terço é a nadar no mar”.
Precisando de mãos para nadar e não podendo rezar com os pés, de que também carece, é um prodígio contar padre-nossos e ave-marias sem errar os mistérios, e sem se afogar, antes dos dolorosos, mas isso são devoções pias e pessoais. Por maior proselitismo que o devore, o PR de um país laico deve abster-se de alardear a sua fé.
O PR traiu a postura laica, que devia manter, no centenário da clonagem da Senhora de Lourdes, em Fátima, quando se envolveu na autenticação desse «milagre», invocando a qualidade de PR, e ultrapassou a decência, afirmando que o fazia em nome de todos os portugueses, incluindo ateus, que não lhe passaram procuração e se indignaram com a quebra do respeito que devia à laicidade do Estado.
Quando da recandidatura a Belém, com popularidade que dispensava o passeio pela Av. da Liberdade, afirmou que “campanhas, se Deus quiser, não haverá mais nenhuma”, e à expressão “se Deus quiser”, acrescentou ainda que tal matéria “está nas mãos de Deus”.
Para além de aprendermos que o Deus de Marcelo tem mãos, ficamos perplexos com a sua influência num país com a Constituição laica que o ora PR aprovou na Assembleia Constituinte, para a ignorar depois de jurar cumpri-la e fazê-la cumprir ao tomar posse.
A forma como se comportou nas visitas papais e a subserviência clerical permanente é a indignidade que acrescenta à perfídia partidária que ora se exacerba.
O PR de todos não pode reduzir-se a mero presidente dos católicos e excluir todos os que defendem o carácter laico da CRP, nem fazer do País um protetorado do Vaticano.
Surpreende a sedução que exerce e o silêncio que gera a associar a personalidade de PR, inteligente, culto e simpático, à vocação de catequista de paróquia, à volúpia beata com que oscula anelões episcopais e à conspiração permanente que urde contra o Governo.
E ninguém se indigna? Ninguém defende o carácter laico do Estado? Ninguém protesta?
Continuamos o país dos 3 FFF, acéfalo, beato e timorato. E queremos ser respeitados!
Comentários