M. – O PR 32 Marcelo e a instabilidade política
M. – O PR é consagrado constitucionalista não praticante e, salvo o respeito devido ao PR, usurpa grosseiramente poderes e, no exuberante exibicionismo, perturba o regular funcionamento das instituições, e torna insuportável a convivência com o Governo.
A necessidade de M. – O PR estar sempre no palco mediático leva-o a comentar todos os assuntos e, por isso, a pronunciar-se sobre questões que não são da sua competência ou que interferem gravemente na governação e na vida partidária.
O País pode consentir-lhe viagens erráticas ao estrangeiro, quando a política externa é reserva exclusiva do governo, mas dificilmente pode o Governo abdicar de manifestar a sua posição através do MNE que geralmente o acompanha, por questões protocolares, e tem de suportar-lhe a opinião para que lhe mingua competência legal.
Pode ainda consentir a M. – O PR que altere as fronteiras do Minho a Timor, encurtadas depois do “nosso ultramar infelizmente perdido” para as fronteiras da Ucrânia em tirada retórica de conteúdo vazio e muito aplaudida pelo alter-ego Marques Mendes.
Podia ficar-se Marcelo pelas missas, selfies, funerais, comentários desportivos e outras insignificâncias sem comprometer a isenção política que se lhe exige, mas a obsessão de interferir na luta partidária e preparar a sucessão do Governo e da PR, e impedem-lhe a dignidade que se esperava durante o último mandato. Marcelo já só é um Cavaco culto e com excelente cumplicidade com os média.
Depois de ter sido uma lufada de ar fresco quando, após a eleição do primeiro mandato, se impôs pela cultura, inteligência e simpatia, face ao salazarista que o precedeu em Belém, regressou no segundo mandato a militante partidário e intriguista de serviço.
Dentro do PSD foi impiedoso para Rui Rio chegando a receber Paulo Rangel em atitude de desafiadora preferência na véspera de eleições internas, onde passou pela humilhação de ver o seu candidato derrotado.
Há dois anos, em plenas eleições autárquicas, por curiosa coincidência, encontrou o candidato do PSD e dos partidos satélites na Feira do Livro de Lisboa. Foi a noite de dar a conhecer Carlos Moedas aos lisboetas, com as televisões atrás, e de lhe dar a ajuda de que precisava. Há um ano, já com o candidato edil, voltou a passeá-lo no mesmo evento e a gabar-lhe o trabalho autárquico que os munícipes desconhecem. Há coincidências e reincidências e, há pouco, apareceram ambos a parasitar o mediatismo papal.
As constantes declarações sobre o que o Governo deve fazer ou o que espera que faça, o narcisismo e a sofreguidão do poder perturbam a governação e transferem para Belém o combate partidário que cabe exclusivamente aos partidos.
Em vez do poder moderador que se espera do PR, Marcelo está a resvalar para a posição desestabilizadora inaceitável, e a ilustrar a invetiva dos anarquistas franceses de maio de 68, «Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina».
Depois da campanha mediática contra o BE, vieram os demolidores ataques ao PCP. Eram de esperar agora os ataques ao PS. Não se estranha o comportamento dos media cuja propriedade é conhecida, só não se aceita a atitude conivente de M. – O PR porque é o PR de todos os portugueses, apesar de se empenhar em criar adversário.
Nunca a situação foi tão imprevisível e perigosa, em Portugal e no Mundo. Basta!
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