A nomeação de Maria Luís para comissária na Comissão Europeia
É evidente que o PSD tinha toda a legitimidade para nomear a nova comissária, mas as circunstâncias em que o fez, sem diálogo com o maior partido da oposição, nem com o PR a quem deve o cargo, revela a apetência do PM para colocar uma figura da tralha passista que durante quatro anos defendeu na AR.
Depois de Cavaco, ideólogo do PM, ter defendido a aliança PSD/Chega
nos Açores para impedir o partido mais votado de ser governo, de Moedas ter defendido
que não devia demonizar-se o Chega, Montenegro esforçou-se pata fingir distância.
É aqui que sinto o regresso manso do fascismo através de Montenegro.
Quem diria! Há duas razões que o levam à dissimulação, desconfiar de André
Ventura, dono do partido, que o traiu na eleição do presidente da AR e o
obrigou a aceitar o apoio do PS e a possibilidade de o chantagear agora para viabilizar
o OE/2025.
Quanto à competência de Maria Luís, apenas retive a opinião
de Paulo Portas, que não a aceitou para ministra e pediu a “demissão irrevogável”.
Esqueço a tragédia da forma como lidou com os bancos falidos na sequência da
crise das dívidas soberanas de 2008 e a conduta ética na aceitação de um part-time
na Arrow Global, gestora abutre de créditos malparados (vulgo falências), incluindo
portugueses negociados por si própria.
Mas é no campo político que a nomeação causa maiores náuseas.
Montenegro conhecia o pensamento político de Maria Luís, manifestado nos encómios
ao livro que apresentou do deputado do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro, dedicado a
Bolsonaro e Trump.
Bastaram os louvores de Ventura e Rui Rocha, Ch. e IL, para
os distraídos perceberem.
Para além dos ministros que parecem do Chega, Maria Luís é a
segunda aquisição que Montenegro disputou para os lugares mais destacados.
Depois de Sebastião Bugalho.
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