As religiões e a moderação
Há dias, uma leitora que respeito pela ponderação e tolerância que o mural do Facebook denota, lamentou a crítica a uma determinada religião, com o seguinte comentário: «A escalada radical começa a tomar forma, aqui.»
O comentário apenas devia merecer agradecimentos pela
opinião franca, à guisa de contraditório, mas o respeito pela leitora, por
todos os meus leitores, exige explicação de quem, como eu, convive bem com as
opiniões divergentes, e mal com a afronta aos direitos humanos.
Não censuro crentes, e não pactuo com crenças que levam à
prática de crimes, quer se trate de ideologias políticas ou religiosas. Pelo
contrário, sinto o dever de combatê-las.
Combato o hinduísmo que mantém as castas, execra viúvas que
casam, e arrasa templos da concorrência; o budismo, pelo genocídio dos
muçulmanos rohingyas, na Birmânia; o xintoísmo que vê no imperador o demiurgo, que
alimentou a escravatura japonesa e o nacionalismo fascista; o protestantismo
evangélico que, nos EUA, inspira a Ku Klux Klan e o Partido Republicano; o
calvinismo da despótica teocracia de Basileia; o catolicismo das Cruzadas e da
Inquisição; o islamismo, que odeia a emancipação da mulher, a música, o
toucinho e os direitos humanos; e o judaísmo sionista.
Se o cristianismo atual é pacífico e o Papa católico
humanista considero-os aliados da democracia e respeito-os pelo contributo para
a paz. Não é por acaso que sou vigoroso a censurar Pio 9, João Paulo 2 ou Bento
16 e a tecer encómios a Francisco na condenação da pena de morte, aceitação do
pluralismo religioso e, até, do livre-pensamento.
Enquanto não vir os dignitários islâmicos a condenarem
atentados terroristas e a subalternização da mulher, não serei mais benevolente
para o fascismo islâmico do que para o fascismo laico.
Esta conduta não é um imperativo ateu, é uma exigência ética
da democracia e do livre-pensamento.
Imagem: Há momentos na minha televisão.
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