#montenegronaomarcelonunca
Vivemos num país deveras disfuncional. Um trágico acidente de helicóptero, não tendo sido filmado em direto, deu origem a diretos em todos os canais noticiosos com o rio que inspirou Manuel de Oliveira.
Depois de almoço ainda os canais SIC-N, RTP-3, CNN, CMTV e
NOW filmavam o mesmo espaço com as mesmas imagens, exibindo apenas comentadores
diferentes, para satisfazer a necrofagia noticiosa a que faltava o cadáver de
uma das vítimas.
Regressei mais de duas horas depois e as imagens eram as
mesmas com a legenda que anunciava o resgate do último de cinco cadáveres. Espero
que não o tenham exibido.
Revoltado desliguei a televisão e decidi ir beber água.
Quando ia abrir o armário tive medo de que o rio Douro lançasse de lá as águas
revoltas e desisti. Refugiei-me no PC.
Sei que esta semana é a pior do ano para as urgências
hospitalares, sei que um médico disse num intervalo que a suspensão do plano
hospitalar herdado do anterior governo e ainda não testado foi substituído por
outro e que ainda não resultou. Doze urgências fechadas é apenas um
constrangimento enquanto não se entrega a saúde aos privados.
O genocídio em Gaza e o novo patamar a que passou a guerra
na Ucrânia são apenas assuntos para depois de esgotado o acidente, e fica por
explicar o que se passou com o roubo de seis computadores da Secretaria Geral
do Ministério da Administração Interna.
Nem o facto de ser no MAI e ter desaparecido informação secreta
perturba a ministra, alguns computadores eram novos e para substituir os mais
velhos. Já lá vão mais de três dias e reina o silêncio. O PM veio de exaustivas
férias para o conclave partidário e teve logo de ir participar nas operações de
socorro e salvamento no rio Douro com um colete apropriado e uma lancha
desviada para as filmagens da sua participação.
Tal como em relação aos incêndios da Madeira, o PM e o
outrora tão loquaz PR nada têm a dizer sobre o roubo dos computadores e da
informação. Só há alarmismo de for induzido pelas televisões e agora reina o
silêncio para tranquilidade de Montenegro.
Pode regressar a férias. Agora há um lugar de PM interino, um Rangel que o dispensa.
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