Portugal e a silly season (texto atualizado)
Portugal não precisa de silly season porque são loucas as quatro estações e tem quem as alimente na sua insânia, má fé ou proselitismo.
Tem Marques Mendes todas as semanas, como Pitonisa de Belém
ou bruxo de Fafe, que fala com este PR a meio da noite e a horas acessíveis, e
quer substituí-lo durante 3652 dias porque sabe que tem devotos à espera das
suas profecias para alinharem a opinião.
Tem António Barreto, a escrever nos jornais e a aparecer com
o rótulo de esquerda, que não desmente, para ser a voz da direita mais tesa e a
vuvuzela de serviço ao patronato.
Tem o Dr. Nuno Melo, especialista em guerras e gestão de
tropas, o Dr. Paulo Rangel em relações internacionais a aumentar a temperatura
estival.
Tem o führer de um partido racista que promoveu desfiles
antirracistas para negar que fosse racismo o assassinato de um ator negro por
quem lhe dizia, “Preto, vai para a tua terra”, “volta para a sanzala” e, entrou
na cadeia a dizer que “Em Angola, matei vários como este”, com a satisfação do
dever cumprido, e acabou acompanhado por 50 clones.
Tem um PR, comentador de todos os assuntos em todos os
noticiários, desprezado pelos que lhe devem o Governo, a maioria e o presidente
por se ter tornado ativo tóxico.
Tem um governo em campanha eleitoral para novas eleições, em
permanentes ameaças à oposição, que prefere fugir a deixar de cumprir a sua agenda
neoliberal.
E tem uma PGR que poria o País a rir se não desse motivos
para chorar.
Mas a estação louca foi luminosamente antecipada por ministros
rápidos a esgotarem a folga orçamental e lentos a encontrarem o ritmo certo
para governarem.
E não faltam os nostálgicos do defunto Salazar a rezarem
pela sua ressurreição, em ato de superstição, com enorme acidez provocada pelo
regime democrático nem um partido fascista que faz do Parlamento uma casa mal
frequentada.
Como diz um amigo meu, Portugal é um país lindo.
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